Minha primeira opinião
1.11.03
Vocês lembram, algum tempo atrás Marcelo Yuka, baterista e compositor do Rappa, levou seis tiros em um morro do Rio e ficou paraplégico. Vítima da violência, condenado a estar preso a uma cadeira de rodas por toda a vida.
É tristemente irônico que justamente ele, cujas letras são duras, sensíveis, perspicazes e profundamente instigantes e desafiadoras, seja uma das grandes vítimas da violência social que tanto denuncia.
É tristemente irônico que nem ele consiga escapar.
Por isso, O Rappa é profundamente concreto para mim. Eles conhecem muito bem o que cantam. O seu clamor por paz tem uma relevância muito maior do que qualquer palavra minha sobre paz e justiça.
Também morre quem atira
Menos de cinco por cento dos caras do local
São dedicados a alguma atividade marginal
E impressionam quando aparecem no jornal
Tapando a cara com trapos
Com uma Uzi na mão
Parecendo árabes do caos
Sinto muito "cumpadi" mas é burrice pensar
Que esses caras é que são os donos da biografia
Já que a grande maioria daria um livro por dia
Sobre arte, honestidade e sacrifício.
É tristemente irônico que justamente ele, cujas letras são duras, sensíveis, perspicazes e profundamente instigantes e desafiadoras, seja uma das grandes vítimas da violência social que tanto denuncia.
É tristemente irônico que nem ele consiga escapar.
Por isso, O Rappa é profundamente concreto para mim. Eles conhecem muito bem o que cantam. O seu clamor por paz tem uma relevância muito maior do que qualquer palavra minha sobre paz e justiça.
Também morre quem atira
Menos de cinco por cento dos caras do local
São dedicados a alguma atividade marginal
E impressionam quando aparecem no jornal
Tapando a cara com trapos
Com uma Uzi na mão
Parecendo árabes do caos
Sinto muito "cumpadi" mas é burrice pensar
Que esses caras é que são os donos da biografia
Já que a grande maioria daria um livro por dia
Sobre arte, honestidade e sacrifício.
Uma só condição para se reconciliar com a leitura: não pedir nada em troca. Absolutamente nada. Não erguer nenhuma muralha fortificada de conhecimentos preliminares em torno do livro. Não fazer a menor pergunta. Não passar o menor dever. Não acrescentar uma só palavra àquelas das páginas lidas. Nada de julgamento de valor, nada de explicação de vocabulário, nada de análise de texto, nenhuma indicação bibliográfica...
Daniel Pennac
Como um romance
Daniel Pennac
Como um romance
O verbo ler não suporta o imperativo. Aversão que partilha com alguns outros: o verbo amar ... o verbo sonhar ...
Bem, é sempre possível tentar, é claro. Vamos lá: Me ame! Sonhe! Leia! Leia logo, que diabo, eu estou mandando você ler!
Daniel Pennac
Como um romance
Bem, é sempre possível tentar, é claro. Vamos lá: Me ame! Sonhe! Leia! Leia logo, que diabo, eu estou mandando você ler!
Daniel Pennac
Como um romance
Reler não é se repetir, é dar uma prova sempre nova de um amor infatigável
Daniel Pennac
Como um romance
Daniel Pennac
Como um romance
Em nosso contexto brasileiro, o que pode tornar a leitura uma aventura fracassada? Ou o que pode, ao contrário, fazer-nos produzir leituras relevantes e vivas?
31.10.03
A sinceridade é um alto preço. Ela pode provocar muita dor, apesar de ser o elemento essencial para sermos honestos conosco e com os outros. Honestos e transparentes.
Acredito que somente quando somos inteiramente sinceros (sem máscaras) somos capazes de construir a nossa volta o que realmente nos faz humanos. Somos humanos quando o somos em relação com os outros. Com aqueles que estão à nossa volta. Tornamo-nos gente quando somos capazes de amar. E somente amamos quando somos realmente sinceros.
Mas a sinceridade é um preço alto. Ela nos expõe demais, em primeiro lugar. E nosso instinto de conservação nos alerta que nos expor é perigoso. Pode machucar. Pode até matar. Mas se queremos viver com plenitude, amando e construindo um futuro ao lado de gente, é preciso que encaremos o perigo.
Sendo sinceros, deixamos as máscaras de lado. Se estamos tristes, vão saber que estamos tristes. Se algo nos faz bem, vão saber que estamos bem. Isso pode até irritar aqueles que se profissionalizaram em viverem vidas de encenação. Esses atores de suas próprias histórias não conseguem entender porque Davi, um safado rei de Israel, por exemplo, déspota imperialista, adúltero e assassino, pôde ser chamado de homem segundo o coração de Deus.
Davi é um exemplo para mim porque ele era alguém totalmente transparente. Pecou e assumiu seu pecado. Chorou sua dor e sofreu suas penas. Davi agradou a Deus não porque se disfarçasse bem ou fosse melhor do que ninguém. Mas apenas porque foi sincero e transparente todo o tempo, inclusive para assumir os seus erros.
A sinceridade também nos desafia. Desafia a que sejamos diferentes do que o mundo deseja que sejamos. O mundo hoje é um grande teatro onde as vidas se encenam, enganando-se a si mesmos, aos outros e a Deus. Uma sociedade assim caminha a passos largos para se esgotar, já que virtualiza tudo e nada é concreto.
O desafio de sermos sinceros é de deixarmos as nossas máscaras à margem do caminho. É de nos entregarmos a uma relação íntegra, em primeiro lugar, conosco mesmo. Mas uma relação íntegra com as pessoas especialmente.
O desafio da sinceridade nos empurra a nos entregarmos às pessoas. A pertencemos a elas. Cientes de que elas nos decepcionarão. Cientes de que nós as decepcionaremos (quem escapará da decepção?). Cientes de que vai doer. No entanto, cientes de que vale a pena, porque somente assim viveremos vidas reais, plenas de sentido, construindo uma nova sociedade, lado a lado com pessoas, pessoas que são como nós. Cheias de defeitos, mas que desejam honesta e sinceramente, amar e criar vínculos. Fazerem-se humanos.
Acredito que somente quando somos inteiramente sinceros (sem máscaras) somos capazes de construir a nossa volta o que realmente nos faz humanos. Somos humanos quando o somos em relação com os outros. Com aqueles que estão à nossa volta. Tornamo-nos gente quando somos capazes de amar. E somente amamos quando somos realmente sinceros.
Mas a sinceridade é um preço alto. Ela nos expõe demais, em primeiro lugar. E nosso instinto de conservação nos alerta que nos expor é perigoso. Pode machucar. Pode até matar. Mas se queremos viver com plenitude, amando e construindo um futuro ao lado de gente, é preciso que encaremos o perigo.
Sendo sinceros, deixamos as máscaras de lado. Se estamos tristes, vão saber que estamos tristes. Se algo nos faz bem, vão saber que estamos bem. Isso pode até irritar aqueles que se profissionalizaram em viverem vidas de encenação. Esses atores de suas próprias histórias não conseguem entender porque Davi, um safado rei de Israel, por exemplo, déspota imperialista, adúltero e assassino, pôde ser chamado de homem segundo o coração de Deus.
Davi é um exemplo para mim porque ele era alguém totalmente transparente. Pecou e assumiu seu pecado. Chorou sua dor e sofreu suas penas. Davi agradou a Deus não porque se disfarçasse bem ou fosse melhor do que ninguém. Mas apenas porque foi sincero e transparente todo o tempo, inclusive para assumir os seus erros.
A sinceridade também nos desafia. Desafia a que sejamos diferentes do que o mundo deseja que sejamos. O mundo hoje é um grande teatro onde as vidas se encenam, enganando-se a si mesmos, aos outros e a Deus. Uma sociedade assim caminha a passos largos para se esgotar, já que virtualiza tudo e nada é concreto.
O desafio de sermos sinceros é de deixarmos as nossas máscaras à margem do caminho. É de nos entregarmos a uma relação íntegra, em primeiro lugar, conosco mesmo. Mas uma relação íntegra com as pessoas especialmente.
O desafio da sinceridade nos empurra a nos entregarmos às pessoas. A pertencemos a elas. Cientes de que elas nos decepcionarão. Cientes de que nós as decepcionaremos (quem escapará da decepção?). Cientes de que vai doer. No entanto, cientes de que vale a pena, porque somente assim viveremos vidas reais, plenas de sentido, construindo uma nova sociedade, lado a lado com pessoas, pessoas que são como nós. Cheias de defeitos, mas que desejam honesta e sinceramente, amar e criar vínculos. Fazerem-se humanos.
30.10.03
Essas coisas abaixo não se aplicam em nada a Priscila. Pelo contrário. A grande diferença entre esses meus dois relacionamentos se encontra na questão do respeito e da confiança. Acima de tudo, Priscila é ainda uma grande amiga e companheira. Acima de tudo, ela sempre foi. Nosso relacionamento, virtual ou concreto, seja lá como for, sempre foi pautado pela busca da sinceridade e da abertura mútua. Do carinho e do afeto. Do apoio e da confiança.
Em outras palavras: os problemas de meu relacionamento com Raquel nunca correram nenhum risco de se repetir com Priscila. Duas ex-namoradas, duas histórias diferentes. Três crianças tentando achar o caminho da cura e da maturidade. Através dos relacionamentos, diga-se de passagem. Através das pessoas mesmo, com seus defeitos, com seus acertos. Somente acho que Raquel ainda carrega muitas chagas abertas para se aproximar de nós para uma conversa. Conversa restauradora.
Em outras palavras: os problemas de meu relacionamento com Raquel nunca correram nenhum risco de se repetir com Priscila. Duas ex-namoradas, duas histórias diferentes. Três crianças tentando achar o caminho da cura e da maturidade. Através dos relacionamentos, diga-se de passagem. Através das pessoas mesmo, com seus defeitos, com seus acertos. Somente acho que Raquel ainda carrega muitas chagas abertas para se aproximar de nós para uma conversa. Conversa restauradora.
Hoje eu tive ainda mais certeza de que se lutarmos para resolver problemas insolúveis em nossos relacionamentos o máximo que conseguiremos será aumentar as feridas.
Algumas feridas abertas no passado ficaram lá. Precisamos deixá-las cicatrizar, mas nunca conseguiremos fazer algo para mudar o passado. Parece óbvio ou patético, mas muitas vezes aumentamos nossos problemas e nossas dores por lutarmos para mudar o passado.
O passado não se muda. Temos que conviver com ele. Podemos curar as nossas lembranças dele. Ele pode não doer mais. Mas ele não pode ser mudado.
Percebi que alguns dos problemas de meus piores relacionamentos dizem respeito a coisas imutáveis que ficaram para trás. Eu causei dores. Não posso apagar o que fiz. Se houver perdão real, a cicatriz vai ficar mas a mágoa passará. Mas os problemas se realimentam quando eu sou cobrado a desfazer o que já está feito. É impossível. Parece óbvio, mas é trágico.
Uma outra coisa. Cobram sinceridade, ao mesmo tempo que dizem que são incapazes de acreditar em mim. Isso é cômico. Se você não acredita em mim, não adianta eu ser o mais sincero dos homens. Você nunca me acreditará. Isso é cômico.
Por isso percebi que a irrito quando digo que estou bem. Irrito quem não consegue efetivamente me perdoar, quem está cobrando coisas impossíveis, as quais já posso superar e ela não.
Em nome da minha sanidade, percebo, lamentando, que é hora de se precaver, talvez até se afastar. Se não, será uma conversa de loucos, aumentando as feridas, aprofundando os abismos, em que estaremos rodando em torno dos mesmos pontos, incapazes de crescer. Quando for possível para ela superar o passado e entender que é impossível mudá-lo, talvez nossas conversas se tornem mais sadias.
Sabe o que é pior? É perceber que, ao menos na aparência, isso tudo contradiz o que venho expondo nos últimos dias. Acredito que é justamente o contrário. Quero relacionamentos reais, especialmente com alguém como Raquel, com quem tive um envolvimento tão doentio. Mas esse relacionamento não será real enquanto ela não conseguir contemplar e viver a realidade: as feridas do passado não podem ser desfeitas, mas podemos tratá-las para que se tornem apenas cicatrizes. Podemos superá-las. Somente assim será real.
Algumas feridas abertas no passado ficaram lá. Precisamos deixá-las cicatrizar, mas nunca conseguiremos fazer algo para mudar o passado. Parece óbvio ou patético, mas muitas vezes aumentamos nossos problemas e nossas dores por lutarmos para mudar o passado.
O passado não se muda. Temos que conviver com ele. Podemos curar as nossas lembranças dele. Ele pode não doer mais. Mas ele não pode ser mudado.
Percebi que alguns dos problemas de meus piores relacionamentos dizem respeito a coisas imutáveis que ficaram para trás. Eu causei dores. Não posso apagar o que fiz. Se houver perdão real, a cicatriz vai ficar mas a mágoa passará. Mas os problemas se realimentam quando eu sou cobrado a desfazer o que já está feito. É impossível. Parece óbvio, mas é trágico.
Uma outra coisa. Cobram sinceridade, ao mesmo tempo que dizem que são incapazes de acreditar em mim. Isso é cômico. Se você não acredita em mim, não adianta eu ser o mais sincero dos homens. Você nunca me acreditará. Isso é cômico.
Por isso percebi que a irrito quando digo que estou bem. Irrito quem não consegue efetivamente me perdoar, quem está cobrando coisas impossíveis, as quais já posso superar e ela não.
Em nome da minha sanidade, percebo, lamentando, que é hora de se precaver, talvez até se afastar. Se não, será uma conversa de loucos, aumentando as feridas, aprofundando os abismos, em que estaremos rodando em torno dos mesmos pontos, incapazes de crescer. Quando for possível para ela superar o passado e entender que é impossível mudá-lo, talvez nossas conversas se tornem mais sadias.
Sabe o que é pior? É perceber que, ao menos na aparência, isso tudo contradiz o que venho expondo nos últimos dias. Acredito que é justamente o contrário. Quero relacionamentos reais, especialmente com alguém como Raquel, com quem tive um envolvimento tão doentio. Mas esse relacionamento não será real enquanto ela não conseguir contemplar e viver a realidade: as feridas do passado não podem ser desfeitas, mas podemos tratá-las para que se tornem apenas cicatrizes. Podemos superá-las. Somente assim será real.
Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou. Não vo-la dou como o mundo a dá.
(João 14. 27)
O conceito bíblico de paz é totalmente abrangente. O shalom envolve todas as dimensões da vida humana, no campo pessoal e social. Logo, quando Jesus nos promete deixar e dar a Sua paz, Sua promessa engloba toda uma série infinita de motivos, de ações, de vidas, de campos. Ele nos promete a paz plena. Paz com Deus. Paz com os homens.
Dessa maneira, Jesus nos oferece uma real paz social. Uma paz que todos nós queremos e precisamos. A paz que pode gerar o fim de todas as formas de opressão e violência. Uma paz que Marcelo Yuka provavelmente quereria.
A minha alma (A paz que eu não quero)
A minha alma está armada
e apontada para a cara
do sossego
pois paz sem voz
não é paz é medo
às vezes eu falo com a vida
às vezes é ela quem diz
qual a paz que eu não quero
conservar
para tentar ser feliz
as grades do condomínio
são para trazer proteção
mas também trazem a dúvida
se não é você que está nessa prisão
me abrace e me dê um beijo
faça um filho comigo
mas não me deixe sentar
na poltrona no dia de domingo
procurando novas drogas
de aluguel nesse vídeo
coagido pela paz
que eu não quero
seguir admitindo
O Rappa afirma o grito de uma sociedade amedrontada pela violência. Uma sociedade que clama por paz. Mas uma paz que é diferente de grades que trazem proteção e a dúvida sobre quem é prisioneiro. Diferente de uma paz que executa uma criança apenas com a desculpa de que se precisa manter a ordem social, branca e elitista. Uma paz indisfarçavelmente conivente e comprometida que nos conduz a ver o mundo pela tela de uma tevê, cada domingo consumindo os novos produtos entorpecentes oferecidos por Gugus e Faustões da nossa indústria cultural. Que nos põe distante das pessoas, por muros, grades e câmeras, de tevê e de segurança. Paz essa que é falsa paz, paz sem voz, não é paz, é medo.
O grito de Marcelo Yuka é, talvez ele nem saiba, por experimentar o shalom de Deus que Jesus veio nos dar. Uma paz ampla que possa perceber toda a dimensão do problema e trazer soluções que construam um novo futuro. E que não o mate pelas mãos do poder paralelo das drogas, pelo poder executor da polícia (e a conivência da sociedade) ou pelo poder subliminar midiático. Uma paz real, que promova a aproximação e reconciliação entre os homens e por toda a sociedade.
Aquilo que vim falando aqui sobre relacionamentos se aplica e se torna mais efetivo nessa dimensão de paz e sociedade. A paz que O Rappa busca e que se dispõe em Jesus é quem nos dá força para nos aproximar tanto do nosso próximo como de todo sujeito dessa sociedade em busca de reconciliação. Porque somente essa paz nos faz ter força para encarar a dor que esse processo de reconciliação traz.
Mas somos, como cristãos, embaixadores da reconciliação. Anunciamos a possibilidade de reconciliação com Deus, com o próximo e entre a sociedade. Anunciamos a possibilidade de vivermos uma paz real, com voz e sem medo. Anunciamos a possibilidade de construirmos, todos juntos, por vínculos reais e concretos, um novo futuro, uma nova sociedade.
(João 14. 27)
O conceito bíblico de paz é totalmente abrangente. O shalom envolve todas as dimensões da vida humana, no campo pessoal e social. Logo, quando Jesus nos promete deixar e dar a Sua paz, Sua promessa engloba toda uma série infinita de motivos, de ações, de vidas, de campos. Ele nos promete a paz plena. Paz com Deus. Paz com os homens.
Dessa maneira, Jesus nos oferece uma real paz social. Uma paz que todos nós queremos e precisamos. A paz que pode gerar o fim de todas as formas de opressão e violência. Uma paz que Marcelo Yuka provavelmente quereria.
A minha alma (A paz que eu não quero)
A minha alma está armada
e apontada para a cara
do sossego
pois paz sem voz
não é paz é medo
às vezes eu falo com a vida
às vezes é ela quem diz
qual a paz que eu não quero
conservar
para tentar ser feliz
as grades do condomínio
são para trazer proteção
mas também trazem a dúvida
se não é você que está nessa prisão
me abrace e me dê um beijo
faça um filho comigo
mas não me deixe sentar
na poltrona no dia de domingo
procurando novas drogas
de aluguel nesse vídeo
coagido pela paz
que eu não quero
seguir admitindo
O Rappa afirma o grito de uma sociedade amedrontada pela violência. Uma sociedade que clama por paz. Mas uma paz que é diferente de grades que trazem proteção e a dúvida sobre quem é prisioneiro. Diferente de uma paz que executa uma criança apenas com a desculpa de que se precisa manter a ordem social, branca e elitista. Uma paz indisfarçavelmente conivente e comprometida que nos conduz a ver o mundo pela tela de uma tevê, cada domingo consumindo os novos produtos entorpecentes oferecidos por Gugus e Faustões da nossa indústria cultural. Que nos põe distante das pessoas, por muros, grades e câmeras, de tevê e de segurança. Paz essa que é falsa paz, paz sem voz, não é paz, é medo.
O grito de Marcelo Yuka é, talvez ele nem saiba, por experimentar o shalom de Deus que Jesus veio nos dar. Uma paz ampla que possa perceber toda a dimensão do problema e trazer soluções que construam um novo futuro. E que não o mate pelas mãos do poder paralelo das drogas, pelo poder executor da polícia (e a conivência da sociedade) ou pelo poder subliminar midiático. Uma paz real, que promova a aproximação e reconciliação entre os homens e por toda a sociedade.
Aquilo que vim falando aqui sobre relacionamentos se aplica e se torna mais efetivo nessa dimensão de paz e sociedade. A paz que O Rappa busca e que se dispõe em Jesus é quem nos dá força para nos aproximar tanto do nosso próximo como de todo sujeito dessa sociedade em busca de reconciliação. Porque somente essa paz nos faz ter força para encarar a dor que esse processo de reconciliação traz.
Mas somos, como cristãos, embaixadores da reconciliação. Anunciamos a possibilidade de reconciliação com Deus, com o próximo e entre a sociedade. Anunciamos a possibilidade de vivermos uma paz real, com voz e sem medo. Anunciamos a possibilidade de construirmos, todos juntos, por vínculos reais e concretos, um novo futuro, uma nova sociedade.
29.10.03
Acabo de descobrir que o Marco está hoje no Meninas Veneno, da MTV. É daqui a pouco, às 22 horas, hora de Brasília.
Quem você ama? Quem você segue? Você segue a quem você ama?
Essas foram relevantes questões levantadas por Susana semana passada. E me fizeram pensar, inclusive, nos riscos que o maravilhoso mundo dos blogs nos traz. Riscos de perdermos a concretude de nossos envolvimentos para a plasticidade de idéias e imagens blogueiras.
Quando criamos uma comunidade nesse ciberespaço, criamos laços virtuais. Você me lê, mas meus posts não são capazes de lhe dar a dimensão exata de quem sou. Você, por exemplo, não pode saber exatamente porque cito tanto duas ex-namoradas como perdas irreparáveis. Você desconhece os detalhes desses relacionamentos, seus impactos, suas dores...
Pierre Lévy diz que a virtualização dos relacionamentos no ciberespaço nos leva a relacionamentos concretos no mundo material. As pessoas que se encontram pela Net geralmente buscam se encontrar no mundo.
Mas ainda assim desconfio que essas espécies de encontros reais no mundo somente estendem a virtualidade desses relacionamentos. Acredito que ainda quando o encontro se dá face a face corremos o risco de nos mascararmos dos personagens que criamos nesse mundo virtual.
Logo, os blogs precisam ser tratados por nós, blogueiros, com muito cuidado e senso crítico. Caso contrário podemos estar perdendo o melhor da vida: relacionamentos concretos, reais e transformadores.
Essas foram relevantes questões levantadas por Susana semana passada. E me fizeram pensar, inclusive, nos riscos que o maravilhoso mundo dos blogs nos traz. Riscos de perdermos a concretude de nossos envolvimentos para a plasticidade de idéias e imagens blogueiras.
Quando criamos uma comunidade nesse ciberespaço, criamos laços virtuais. Você me lê, mas meus posts não são capazes de lhe dar a dimensão exata de quem sou. Você, por exemplo, não pode saber exatamente porque cito tanto duas ex-namoradas como perdas irreparáveis. Você desconhece os detalhes desses relacionamentos, seus impactos, suas dores...
Pierre Lévy diz que a virtualização dos relacionamentos no ciberespaço nos leva a relacionamentos concretos no mundo material. As pessoas que se encontram pela Net geralmente buscam se encontrar no mundo.
Mas ainda assim desconfio que essas espécies de encontros reais no mundo somente estendem a virtualidade desses relacionamentos. Acredito que ainda quando o encontro se dá face a face corremos o risco de nos mascararmos dos personagens que criamos nesse mundo virtual.
Logo, os blogs precisam ser tratados por nós, blogueiros, com muito cuidado e senso crítico. Caso contrário podemos estar perdendo o melhor da vida: relacionamentos concretos, reais e transformadores.
A estrada
(Tony Garrido, Lazão, Da Gama, Bino Farias)
Você não sabe o quanto eu caminhei
Pra chegar até aqui
Percorri milhas e milhas antes de dormir
Eu não cochilei
Os mais belos montes escalei
Nas noites escuras de frio chorei
A vida ensina e às vezes traz o tom
Pra nascer uma canção
Com a fé do dia-a-dia encontro a solução
Encontro a solução
Quando bate a saudade eu vou pro mar
Fecho meus olhos e sinto você chegar
Você chegar
(together)
Quero acordar de manhã do teu lado
E aturar qualquer babado
Vou ficar apaixonado
No teu seio aconchegado
Ver você dormindo é tão lindo
É tudo que eu quero pra mim
É tudo que eu quero pra mim
Meu caminho só meu Pai pode mudar
(Tony Garrido, Lazão, Da Gama, Bino Farias)
Você não sabe o quanto eu caminhei
Pra chegar até aqui
Percorri milhas e milhas antes de dormir
Eu não cochilei
Os mais belos montes escalei
Nas noites escuras de frio chorei
A vida ensina e às vezes traz o tom
Pra nascer uma canção
Com a fé do dia-a-dia encontro a solução
Encontro a solução
Quando bate a saudade eu vou pro mar
Fecho meus olhos e sinto você chegar
Você chegar
(together)
Quero acordar de manhã do teu lado
E aturar qualquer babado
Vou ficar apaixonado
No teu seio aconchegado
Ver você dormindo é tão lindo
É tudo que eu quero pra mim
É tudo que eu quero pra mim
Meu caminho só meu Pai pode mudar
28.10.03
Lucinha, minha irmã, me manda uma poesia de meu pai, que termina por confirmar grande parte das coisas que conversei com Susana, sexta-feira. É um poema de amor, amor transcendental, ideológico. É um poema que mostra que, por alguma via ainda desconhecida, me assemelho a um pai que nunca esteve presente tempo suficiente para eu copiá-lo.
Mas agora a minha busca é por amar e seguir pessoas, ainda que as idéias sejam e continuem sendo motivação importante na minha caminhada:
Por quem eu morrerei de amor
Eu amo aquela mulher
que está em muitos lugares
como uma lua desejada
Paixão que vem de longe
e sempre em minhas veias,
vísceras e sangue.
Uma mulher de incontáveis amantes
duros e ternos,
dos quais muitos chegaram
ao extremo por ela: morreram de amor.
Essa mulher tão clara e transparente
Tem o sabor gostoso, fabricado em sonhos
Igual dois sexos disputando a vida.
Perdi, alguma vez, de ter entre meus braços
O corpo vivo de minha paixão.
Foram derrotas para rivais mais fortes
E reconheço: eles fizeram jús ao meu ciúme
E mereceram o meu abraço cúmplice.
Não me senti traído.
E outras frustrações são esperadas
Pelos amantes espalhados, distraídos
Nas avenidas repletas de pretendente vacilantes
Não abdico jamais e apesar de tudo
Do meu direito de paixão por essa mulher.
Um dia eu a verei chegar
À minha alcova (mesmo que seja a última)
Depois que ela tenha percorrido o íntimo segredo
De todos os amantes, felizes e liberados.
Só não alcançarei o gozo da libertação
Por uma e só e única verdade, feliz
Terei morrido antes da paixão.
Para Lucinha, a revelação do meu amor revolucionário,
Rubens Lemos
(Dourados,14 de dezembro de 1985)
Pois bem, Daniel meu irmão, eis a mulher
de nome REVOLUÇÃO por quem meu pai
foi um eterno apaixonado!
Mas agora a minha busca é por amar e seguir pessoas, ainda que as idéias sejam e continuem sendo motivação importante na minha caminhada:
Por quem eu morrerei de amor
Eu amo aquela mulher
que está em muitos lugares
como uma lua desejada
Paixão que vem de longe
e sempre em minhas veias,
vísceras e sangue.
Uma mulher de incontáveis amantes
duros e ternos,
dos quais muitos chegaram
ao extremo por ela: morreram de amor.
Essa mulher tão clara e transparente
Tem o sabor gostoso, fabricado em sonhos
Igual dois sexos disputando a vida.
Perdi, alguma vez, de ter entre meus braços
O corpo vivo de minha paixão.
Foram derrotas para rivais mais fortes
E reconheço: eles fizeram jús ao meu ciúme
E mereceram o meu abraço cúmplice.
Não me senti traído.
E outras frustrações são esperadas
Pelos amantes espalhados, distraídos
Nas avenidas repletas de pretendente vacilantes
Não abdico jamais e apesar de tudo
Do meu direito de paixão por essa mulher.
Um dia eu a verei chegar
À minha alcova (mesmo que seja a última)
Depois que ela tenha percorrido o íntimo segredo
De todos os amantes, felizes e liberados.
Só não alcançarei o gozo da libertação
Por uma e só e única verdade, feliz
Terei morrido antes da paixão.
Para Lucinha, a revelação do meu amor revolucionário,
Rubens Lemos
(Dourados,14 de dezembro de 1985)
Pois bem, Daniel meu irmão, eis a mulher
de nome REVOLUÇÃO por quem meu pai
foi um eterno apaixonado!