Ai vai um trecho de meu trabalho:
O protestantismo brasileiro nas décadas de 1950 e 1960
Antes da eclosão do Regime Militar, em 1964, era marcante a tendência à ação política transformadora no meio evangélico brasileiro. Ainda que não fossem a maioria, era possível, por exemplo, se encontrar em 1962 líderes protestantes discutindo em Recife o tema “Cristo e o processo revolucionário brasileiro”, naquela que ficou conhecida como Conferência do Nordeste (QUEIROZ 2000: 77). Mas a Ditadura, que foi transferida para dentro das fronteiras eclesiásticas, naturalmente abafou tal tendência (QUEIROZ 1998: 96, 120).
Segundo Burity (1989), o alinhamento das instituições religiosas em uma direção conservadora teve início antes mesmo do golpe. Essa direção conservadora e ditatorial (“verticalista”, nas palavras de Queiroz (1998: 120)) gerou mecanismos de inquisição interna, uma verdadeira “inquisição sem fogueiras” (BURITY 1989: 114).
Nesse quadro de conflito entre conservadores e progressistas no ambiente eclesiástico, a situação do país favoreceu os primeiros. Dessa maneira, diante da acentuação da crise social no início dos anos 60, aproximam-se, nas igrejas, setores conservadores não-radicais e a direita, rearranjando os “espaços internos de poder de forma a sufocar a onda desestabilizadora dos ‘teólogos sociais’” (Id.: 116).
Assim, a instrumentalização discursiva da teologia é facilitada. A produção teológica que se preocupa com transformações sociais é identificada, nesse discurso dominante, como um instrumento nas mãos dos comunistas para desviar a igreja de sua tarefa essencialmente espiritual e não-histórica. Dessa maneira, esses teólogos, “perigosos subversivos”, tinham de ser silenciados, sendo assim, denominados de hereges (BURITY 1989: 115-6) . Nesse contexto, muitos membros das igrejas foram presos, cassados e mortos, devido à delação por parte de irmãos e autoridades eclesiásticas (QUEIROZ 2000:76).
O silenciamento atingiu os “credos sociais” que várias denominações protestantes brasileiras prepararam nos anos 60. Esses documentos confessionais afirmavam a necessidade de os evangélicos se envolverem na lutas por transformações sociais no país. Os credos metodista (de 1960), batista (de 1963) e presbiteriano (de 1966) foram esquecidos. Para o pastor Carlos Queiroz, líder da Igreja de Cristo no Ceará, é “sintomático que este ‘cale-se’ no mundo protestante, tenha acontecido logo após a ‘Revolução de 64’”(2000: 77).
Ele continua, afirmando que a partir de então “o mais que fizemos em termos sociais, foi continuar os projetos de assistência já existentes, que depois entraram em decadência, e promover o governo americano que fez das denominações o inocente útil para a distribuição dos famosos alimentos da ‘Aliança para o Progresso’.
O povo brasileiro foi silenciado e nós evangélicos, de protestantes, passamos a ‘afavorantes’”. (Id.: 77-8)
Nessa direção, Cavalcanti diz que durante o Período Militar, absortos pelo desenvolvimento econômico, segurança e liberdade religiosa, os evangélicos se tornam sustentáculos civis do Regime. E com a militância progressista do catolicismo romano tendo se posicionado em oposição crítica da Ditadura, o Regime investe ao máximo nos protestantes, com “visitas de cortesia, empregos, convênios, nomeações para cargos importantes, convites para pastores cursar a ESG” (CAVALCANTI 1985: 215).
Enquanto isso, o Regime, fora e dentro das igrejas, foi calando e cassando os opositores. De modo que entidades com a Confederação Evangélica Brasileira e a União Cristã de Estudante do Brasil foram extintas. Seminários e diretorias eclesiásticas foram expurgando indivíduos acusados de “esquerdismo”, “ecumenismo”, “modernismo” ou “tendências renovadoras” (Id.: 203).
Referências bibliográficas:
BURITY, Joanildo Albuquerque. Fé na Revolução: protestantismo e o discurso nacionalista e revolucionário (1961-1964). Dissertação de Mestrado. Recife: UFPE, 1989 (mimeo).
CAVALCANTI, Robinson. Cristianismo e política: teoria bíblica e prática histórica. São Paulo: Nascente, 1985.
QUEIROZ, Carlos Pinheiro. Eles herdarão a terra... Curitiba: Encontro, 1998.
______. “Igrejas protestantes no contexto nordestino” in VVAA. Ação Diaconal: uma reflexão no contexto nordestino. Série Ler para Servir, Ano II, n° 2. Recife: PAADI, dez. 2000.
Minha primeira opinião
13.9.03
Meu estagio na TV Ponta Negra foi abortado na primeira semana, por causa de uma ordem anterior do departamento juridico. Uma pena, porque adorei trabalhar la.
Tá bom, tá bom. Eu tinha teclado o endereço de Fabio errado.
8.9.03
A quem interessar: terminei o trabalho sobre O nascimento de subversivos e hereges: uma analise do discurso protestante brasileiro.
7.9.03
Cada um, que eu conheci ano passado, me proporcionou momentos inesqueciveis de amor, companheirismo e amizade. Sinto um pouco orfao sem a presenca de voces comigo. Por duas ocasioes, em dois anos seguidos, foram momentos de intimidade tremendos na presença desse Deus que revoluciona cada um de nos. Sem palavras, amo voces.
Ha um grupo de pessoas em Goiania que sinto como se fossem parte (importante) de minha familia. Irmaos e irmas. Aqui voces tem fotos do encerramento da campanha em que nos e eles trabalhamos juntos aqui em Natal, no ultimo mes de julho. Saudades de todos...