Minha primeira opinião
6.6.03
Ouvindo muito a música abaixo, reparei como (desculpem a obviedade) o texto de Chico Buarque é constituído por metáforas. A que mais me marcou é a seguinte:
Uns atiram pedras
Outros passeiam nus.
Pretendo realizar uma análise mais fundamentada desse texto, mesmo a fim de testar, previamente, minhas hipóteses.
Uns atiram pedras
Outros passeiam nus.
Pretendo realizar uma análise mais fundamentada desse texto, mesmo a fim de testar, previamente, minhas hipóteses.
Brejo da Cruz
Chico Buarque
A novidade
Que tem no Brejo da Cruz
É a criançada
Se alimentar de luz
Alucinados
Meninos ficando azuis
E desencarnando
Lá no Brejo da Cruz
Eletrizados
Cruzam os céus do Brasil
Na rodoviária
Assumem formas mil
Uns vendem fumo
Tem uns que viram Jesus
Muito sanfoneiro
Cego tocando blues
Uns têm saudade
E dançam maracatus
Uns atiram pedra
Outros passeiam nus
Mas há milhões desses seres
Que se disfarçam tão bem
Que ninguém pergunta
De onde essa gente vem
São jardineiros
Guardas noturnos, casais
São passageiros
Bombeiros e babás
Já nem se lembram
Que existe um Brejo da Cruz
Que eram crianças
E que comiam luz
São faxineiros
Balançam nas construções
São bilheteiras
Baleiros e garçons
Já nem se lembram
Que existe um Brejo da Cruz
Que eram crianças
E que comiam luz
Chico Buarque
A novidade
Que tem no Brejo da Cruz
É a criançada
Se alimentar de luz
Alucinados
Meninos ficando azuis
E desencarnando
Lá no Brejo da Cruz
Eletrizados
Cruzam os céus do Brasil
Na rodoviária
Assumem formas mil
Uns vendem fumo
Tem uns que viram Jesus
Muito sanfoneiro
Cego tocando blues
Uns têm saudade
E dançam maracatus
Uns atiram pedra
Outros passeiam nus
Mas há milhões desses seres
Que se disfarçam tão bem
Que ninguém pergunta
De onde essa gente vem
São jardineiros
Guardas noturnos, casais
São passageiros
Bombeiros e babás
Já nem se lembram
Que existe um Brejo da Cruz
Que eram crianças
E que comiam luz
São faxineiros
Balançam nas construções
São bilheteiras
Baleiros e garçons
Já nem se lembram
Que existe um Brejo da Cruz
Que eram crianças
E que comiam luz
3.6.03
Minha conversa com o pastor hoje correu muito bem. Fui muito franco e claro com ele a respeito de tudo o que ocorreu na minha relação com a igreja nos últimos meses. Falou-me que tudo poderia ser encarado por mim como um momento para reflexão.
Minha reflexão em cima dos fatos ocorridos em minha vida, em cima da teologia pensada e buscada por mim, em cima de uma nova forma de conhecer e experimentar Deus, seriam, certamente, considerada perniciosa pelo Sistema da minha igreja. Disse isso a ele.
Creio nas pessoas, na comunhão, na comunidade. Acho que a instituição é necessário mas secundária. Se for posta em primeiro plano, será assassina.
Muitos caminhos se delinearam à minha frente nos últimos meses. Muitas certezas se concretizaram. Refletir uma teologia a partir de uma nova prática ministerial, a partir de uma nova (nem tão nova) leitura da Bíblia. A admiração por gente como Shaull, ou Comblin, cresceu demais.
Hoje eu sou diferente. Sem juízo de valor sobre minhas mudanças, simplesmente sou diferente.
Disseram-me mais maduro. Devo estar. Ainda há muita coisa a ser restaurada, mas algo de maturidade, de rebeldia, de espírito livre e crítico, foi cristalizado em mim. Espero nunca perder tal liberdade.
O pastor acredita que o caminho da pós-graduação possa ampliar mais meus horizontes do que o seminário. Vou voltar ao Seminário. Não sei quando, mas vou, porque meu chamado é uma das certezas que tenho.
É por isso que fiquei feliz quando me ocorreu um esboço de projeto para o mestrado, relacionando teorias da leitura, análise do discurso, ideologia, semiótica e, claro, a Bíblia, o Magnificat, que tanto prezo.
Minha reflexão em cima dos fatos ocorridos em minha vida, em cima da teologia pensada e buscada por mim, em cima de uma nova forma de conhecer e experimentar Deus, seriam, certamente, considerada perniciosa pelo Sistema da minha igreja. Disse isso a ele.
Creio nas pessoas, na comunhão, na comunidade. Acho que a instituição é necessário mas secundária. Se for posta em primeiro plano, será assassina.
Muitos caminhos se delinearam à minha frente nos últimos meses. Muitas certezas se concretizaram. Refletir uma teologia a partir de uma nova prática ministerial, a partir de uma nova (nem tão nova) leitura da Bíblia. A admiração por gente como Shaull, ou Comblin, cresceu demais.
Hoje eu sou diferente. Sem juízo de valor sobre minhas mudanças, simplesmente sou diferente.
Disseram-me mais maduro. Devo estar. Ainda há muita coisa a ser restaurada, mas algo de maturidade, de rebeldia, de espírito livre e crítico, foi cristalizado em mim. Espero nunca perder tal liberdade.
O pastor acredita que o caminho da pós-graduação possa ampliar mais meus horizontes do que o seminário. Vou voltar ao Seminário. Não sei quando, mas vou, porque meu chamado é uma das certezas que tenho.
É por isso que fiquei feliz quando me ocorreu um esboço de projeto para o mestrado, relacionando teorias da leitura, análise do discurso, ideologia, semiótica e, claro, a Bíblia, o Magnificat, que tanto prezo.
2.6.03
Uma parte de meu futuro teológico há de ser resolvida (ao menos em parte) amanhã. Futuro ministerial também.
Preciso voltar a pensar teologias e ministérios. Esses dias discuti a minha ida ao show dos Paralamas com uma irmã querida. Fui porque hoje estou convicto de que não há pecado nisso, e que posso reconhecer a voz de Deus na boca de profetas como Herbert ou Gabriel, por exemplo. Fui pela convicção de que adoro os Paralamas desde 1986 e descobri minha perda de tempo ao abrir mão deles e dos Titãs ao me converter. Descoberta que me veio nos dois anos de seminário.
Mas isso fere tanto o senso comum de nossas comunidades evangélicas, que costumam demonizar toda a produção cultural extra-eclesiástica, que eu escondi e esconderei de qualquer outro irmão da minha igreja minha presença naquele show. Correria o risco de sofrer novo processo disciplinar.
Mas por quê? Por que a igreja tomaria uma atitude assim? Seu costume e sua cultura não parecem ter explicação para isso. Somente porque as igrejas são assim. Não há fundamento bíblico, teológico ou histórico para tanto.
Isso me faz lembrar um grande filme, O violista no telhado. As tradições são dissecadas naquele filme, que retrata uma comunidade judaica muito tradicional. E por que os homens precisam usar barba? Por causa da tradição. E qual a explicação da tradição? Não há explicação.
Valorizamos tantas vezes tradições como verdades absolutas da Bíblia. Tradições que, postas sob crítica (especialmente bíblica), são insustentáveis.
Preciso voltar a pensar teologias e ministérios. Esses dias discuti a minha ida ao show dos Paralamas com uma irmã querida. Fui porque hoje estou convicto de que não há pecado nisso, e que posso reconhecer a voz de Deus na boca de profetas como Herbert ou Gabriel, por exemplo. Fui pela convicção de que adoro os Paralamas desde 1986 e descobri minha perda de tempo ao abrir mão deles e dos Titãs ao me converter. Descoberta que me veio nos dois anos de seminário.
Mas isso fere tanto o senso comum de nossas comunidades evangélicas, que costumam demonizar toda a produção cultural extra-eclesiástica, que eu escondi e esconderei de qualquer outro irmão da minha igreja minha presença naquele show. Correria o risco de sofrer novo processo disciplinar.
Mas por quê? Por que a igreja tomaria uma atitude assim? Seu costume e sua cultura não parecem ter explicação para isso. Somente porque as igrejas são assim. Não há fundamento bíblico, teológico ou histórico para tanto.
Isso me faz lembrar um grande filme, O violista no telhado. As tradições são dissecadas naquele filme, que retrata uma comunidade judaica muito tradicional. E por que os homens precisam usar barba? Por causa da tradição. E qual a explicação da tradição? Não há explicação.
Valorizamos tantas vezes tradições como verdades absolutas da Bíblia. Tradições que, postas sob crítica (especialmente bíblica), são insustentáveis.
Pela segunda vez, assisti hoje o trabalho (análise) que a Dra. Olga Tavares sobre Matrix. Após Olga, uma outra doutora, do departamento de Artes, apresentou uma análise iconográfica da arquitetura da cidade no filme. E após tudo, os participantes debatemos Reloaded. Certamente, Matrix marca a história contemporânea, a cultura e, lógico, o cinema. O segundo filme, realmente, decepcionou a muitos. Quer dizer, a quem esperava muito dele. Mas pareceu consenso a todos (que, aliás, discutíamos o assunto na academia) que Reloaded parece ser um link entre o primeiro filme e Revolutions. (Meio óbvio isso, não?)
Mas as discussões me fizeram pensar em produzir algo, que não deve ser inédito, analisando Matrix, seus mitos e seus significados, a partir de pressupostos teológicos, em especial da Teologia da Revolução.
Mas as discussões me fizeram pensar em produzir algo, que não deve ser inédito, analisando Matrix, seus mitos e seus significados, a partir de pressupostos teológicos, em especial da Teologia da Revolução.