19.3.04

Reza a tradição que se houver chuva no Nordeste hoje, o inverno está garantido.

Hoje uma parte de minha vida/uma parte de minha morte faz aniversário. Há dois anos, neste mesmo dia de São José, feriado em Fortaleza, começava aquela que seria a fase mais conturbada de meus 24 anos. Conturbação cujas conseqüências prevalecem até hoje e marcarão minha vida para sempre.

17.3.04

Os estudos na área da lingüística, estou cada vez mais convencido, são capazes de nos trazer uma consciência menos ingênua sobre o uso e o funcionamento da linguagem. A nível social isso significa capacidade crítica mais acentuada para a resistência contra a poderosa insinuação ideológica da parte dos detentores do poder econômico. Estudar os discursos e como se estruturam em textos, com suas condições e intencionalidades, se torna elemento indispensável para a compreensão de fatos do dia a dia e de ações corriqueiras da mídia, dos governos e daqueles que contam a História e fazem as histórias.
Além disso, perceber que os sujeitos são limitados por seus contextos naquilo que pensam, produzem e em suas ações, sendo assim sujeitos sociais condicionados a discursos e ideologias, sendo falados por inúmeras vozes, tem de gerar em mim um único sentimento: a humildade. Não sou original. Não falo de mim. Reproduzo. Ecoou. Outros falam por mim o tempo todo.
Será que diante disso não restaria ao ser humano recorrer a Deus a fim de ser alguém? Descobrir que a única garantia de se ser humano é se lançando nos braços do Criador?

Estava estudando hoje texto que analisa esta música:

E.C.T.
(Nando Reis, Marisa Monte, Carlinhos Brown)

Tava com cara que carimba postais
Que por descuido abriu uma carta que voltou
Tomou um susto que lhe abriu a boca
Esse recado veio pra mim, não pro senhor
Recebo craque colante, dinheiro parco embrulhado
Em papel carbono e barbante
E até cabelo cortado, retrato de 3x4
Pra batizado distante
Mas, isso aqui, meu senhor,
É uma carta de amor

Levo o mundo e não vou lá
Levo o mundo e não vou lá
Levo o mundo e não vou lá
Levo o mundo e não vou...

Mas esse cara tem a língua solta
A minha carta ele musicou
Tava em casa, a vitamina pronta
Ouvindo no rádio a minha carta de amor
Dizendo: eu caso contente, papel passado e presente
Desembrulhado o vestido
Eu volto logo, me espera
Não brigue nunca comigo
Eu quero ver nosso filho
O professor me ensinou fazer uma carta de amor
Leve o mundo que eu vou já


16.3.04

Raphael já está em casa... Deixou o hospital sexta-feira. Milagre seria uma palavra apropriada.

Confesso, tenho andado ausente. E confuso...
Estou estudando muito, lendo, vivendo, sonhando...
E estou sentindo falta de algumas coisas que, tempos atrás, estavam bem mais fortes e presentes na minha vida. Nestes últimos dias, tem me faltado ânimo. E tenho estado preocupado comigo mesmo.
A partir da próxima semana estarei estudando com os jovens da minha igreja questões relacionadas à vocação, enquanto chamado de Deus, e só dele. Tentarei ver, também, a produção de Mel Gibson. A matéria da Época desta semana foi muito feliz em descrever a contemplação da Paixão de Cristo como um dos mais antigos elementos da devoção cristã. Perceber como aquilo foi real e torná-lo mais real para mim, acredito, é importante. Aquela dor, afinal, foi sofrida por mim... em meu lugar.
E vem a prova... Depois eu falo sobre ela...