20.11.04

Eu realmente acredito que só há uma resposta possível à pergunta sobre o que estamos fazendo aqui. E ela se baseia no Revolucionário Amor de Deus. Eu estou aqui para fazer parte da Revolução. Eu estou aqui para, amando, lutar para revolucionar a minha vida. Revolucionar a vida daqueles que estão à minha volta. Revolucionar o mundo.
Eu penso que, do mesmo modo que Deus chora ao ver uma igreja sem compromisso com Ele, Ele chora ao ver o tamanho da injustiça que a humanidade construiu no mundo e que, tantas vezes, protegemos e conservamos em nome de Jesus. E eu sei que essa luta já começa difícil.
Preguei nesta noite em uma reunião dos jovens. Foi como empurrar ladeira acima um carro com rodas quadradas. Terminei com dor de cabeça.

18.11.04

Esta tarde eu não tive aula mas fui assistir a uma palestra na Universidade. O professor Ítalo Monricone falava sobre O espectro de Foucault. Espectro deve ser entendido aqui como fantasma, presença de Foucault no pensamento ocidental. Um dos maiores filósofos franceses do século XX morreu em 1984. Uma das primeiras vítimas famosas do HIV. Adquirido em alguma das farras orgiásticas das quais tomava parte. Acham que boa parte da revolução do pensamento dele se devia ao fato de ser homossexual.
Eu levei dez minutos para que meu cérebro se adaptasse ao ambiente e eu pudesse compreender alguma coisa do que o palestrante falava. Fala de nível muito elevada mesmo. Apenas no fim, quando ele falava, e enfatizava dramaticamente, sobre o final Foucault, as coisas ficaram absolutamente palatáveis.
No meio tempo, deu para perder oitenta reais com algum problema de comunicação do Ourocard. A máquina me disse que a operação não havia sido realizada e eu não recebi o dinheiro. O cartão debitou a quantia. Registrei a ocorrência na Ouvidoria do BB. Vamos ver no que é que dá.

17.11.04

Algumas noites, quando a porta de meu quarto se fecha atrás de mim, e me vejo diante de meu computador, meus trabalhos, meu som, sinto-me sozinho. É triste. Queria alguém com quem pudesse dividir esse quarto. Alguém com quem pudesse dividir a minha vida. Que fosse minha companhia constante. E de quem seria companheiro pela vida.
Às vezes isso acontece assim e eu, por incrível que pareça, me sinto velho. Velho, no alto dos meus 25 anos. A solidão envelhece o homem.

16.11.04

Estava sentindo de dizer algumas coisas a uma pessoa. Mas sei que não posso. Sei também que não deveria falar abertamente sobre isso com qualquer outra pessoa.
Queria dizer que é maravilhoso sentir o que estou sentindo. É muito bom ir descobrindo, pouco a pouco, a intimidade de alguém. E ir se sentindo mais e mais parte desse alguém.
Eu não me apaixono há muito tempo. E acho que não me apaixonarei de novo. Mas acabo de descobrir como isso é bom. Não estou dizendo que tenho qualquer talento ou vocação para o celibato. É que estou descobrindo o que talvez eu possa chamar de amor. A entrega a uma vida a ponto de sacrificar-se para fazê-la melhor.
Então, o que eu gostaria de dizer a ela? Que estou descobrindo o amor. Não sei ainda se a amo, mas estou descobrindo o prazer de estar sempre ao lado dela. De descobrir com ela as coisas que só Deus pode fazer. De caminhar junto com ela para uma vida de mais intimidade com Deus. Estou descobrindo que é muito bom estar ao seu lado, ouvir a sua voz, sentir o seu abraço, ver o seu sorriso. Estou descobrindo que seria muito bom dar a parte de minha vida que lhe cabe a ela. E vê-la com um olhar cada vez mais amorável.
Certa vez lhe disse que ela era como um diamante, que precisava ser lapidado e que as pessoas eram incapazes de conhecer as riquezas de seu interior. Ninguém sabia lhe dar o valor.
Não sei como encerrar esse texto. Já escrevi e apaguei inúmeros parágrafos. Então, não vou dizer mais nada.