5.2.05

Pausa para o Carnaval. Eu vou para um retiro. Alguns de vocês vão se divertir. A suma de tudo é ser feliz e ter cuidado. Até a Quarta de Cinzas.

Deus é tudo o que eu tenho (final)

A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nEle.

Lm. 3. 24

Dia desses, eu estava em um ponto de ônibus indo para a igreja quando vi uma cena que me chamou a atenção. Uma garotinha, de olhos curiosos, observava tudo e todos desde os braços de sua mãe. Visivelmente a sua segurança para vasculhar tudo o que estava a sua volta se firmava no fato de estar no colo de sua mãe. As pessoas que estavam ali lhe eram estranhas. O ambiente era algo novo para ela. Mas ela não temia vasculhar e descobrir as novidades porque sabia que estava segura e salva nos braços de sua mãe. Ninguém lhe atacaria. Ninguém podia lhe assustar. Ninguém lhe machucaria porque sua mãe a protegia. Toda a confiança daquela garotinha repousava no colo da mãe. E, firmada nessa confiança, ela, ousadamente, desafiava o mundo novo à sua volta.

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4.2.05

De vez em quando eu olho para as pessoas com quem cruzo nas ruas da cidade. E fico pensando que todos são seres humanos como eu. Nasceram, filhos de um pai e de uma mãe. Cresceram aos poucos. E chegaram ao ponto em que estão na vida. Mas me questiono do porquê sermos tão diferentes.
Eu e Bush, por exemplo, dormimos obedecendo aos meus preceitos de nossos corpos mortais. Provavelmente, somos idênticos quando vamos fazer nossas necessidades fisiológicas. Na hora da morte, morreremos sozinhos. Mas o que faz sermos tão diferentes? Ele ter tanto poder e eu tão pouco?
Quando olho para o mendigo passando na rua, recolhendo restos no lixo do meu prédio, me pergunto também que diferença ontológica existe entre nós. Não acho resposta. Logo, não consigo compreender porque temos vidas tão diferentes. O sujeito nasce na rua, filho da rua, vive na rua, tem filhos na rua, morrerá na rua. Eu, ao contrário, mal ou bem tive uma família, estudei, com sacrifício, na melhor escola de Natal, terminei um curso superior, estou fazendo mestrado. Qual a diferença entre nós? Há algum sentido nisso tudo?
As idéias de diferenças e lutas de classes são muito assépticas para mim nesse caso. Classes se assemelham assim a guetos aos quais estaríamos condenados para sempre. Assim, o filho do gari só pode ser gari. E ninguém pode fazer nada com isso. E qualquer tentativa de mudança do quadro se tornaria virtualmente impossível.
Pior do que essa era a resposta medieval de que tudo era vontade de Deus. Medieval em termos, porque muitos religiosos pensam assim ainda. Ou em termos de teologia da prosperidade ou em termos dispensacionalistas (aqueles que acham que quanto pior melhor, porque significa a proximidade da volta de Cristo). A resposta religiosa é que o pobre é pobre porque é a vontade de Deus. O que engessa qualquer intuito revolucionário também, porque, assim, fazer revolução é enfrentar a vontade de Deus.
Mas é um beco sem saída. Não encontro respostas nisso tudo. Nem quanto ao que significa, nem quanto o que se pode fazer. Só sei que não é confortável se ver como parte de uma elite e sentir mãos e pés atados quanto ao que pode ser transformado.

Deus é tudo o que eu tenho (parte 3)

A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nEle.

Lm. 3. 24

De vez em quando me bate uma crise. Olho no espelho da minha alma e me pergunto o que Deus vê em mim. Vejo o que penso, como ajo, ou como deixo de agir. Ouço as palavras terríveis que digo todos os dias. Percebo o péssimo testemunho do nome de Cristo que tenho dado.

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3.2.05

Deus é tudo o que eu tenho (parte 2)

A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nEle.

Lm. 3. 24

O livro de Atos, no capítulo 8, conta a história de um homem chamado Simão Mago, morador da Samaria. Quando Filipe, o diácono, foi conduzido pelo Espírito até lá e começou a pregar o Evangelho, Simão, admirado do que Deus fazia por meio do pregador, “abraçou a fé”, foi batizado e “acompanhava Filipe de perto, observando extasiado os sinais e grandes milagres praticados” (At. 8. 13).

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Graças a uma citação do grande Marco, ontem foi batido todos os recordes de visitação diária deste blog: 131 pessoas passaram por aqui.

2.2.05

Estava lendo uma matéria no UOL de uma revista chamada Prospect Magazine. Coisas interessantes do mundo da ciência. A matéria fala sobre as mais contemporâneas teorias acerca do funcionamento, da origem e do fim do universo. Um dos dados interessantes é que o estudo do espaço sideral já constatou a idade real do nosso universo: 13, 7 bilhões de anos, com uma margem de erro de um por cento.

Note que eu falei em nosso universo, já que é cada vez maior o número de cientistas que defendem a existência de multiuniversos e de um hiperespaço que os uniria de alguma maneira. A matéria fala um pouco sobre a teoria das cordas e as idéias acerca dos chamados buracos de minhoca.

O ponto preocupante para a vida inteligente diz respeito à expansão do universo, noção desenvolvida por Hubble, cientista que deu nome ao megatelescópio que olha o céu por nós da órbita da Terra. Por essa teoria, que cada dia se comprova mais, a expansão vai parar em algum momento daqui a bilhões anos. E o universo vai, literalmente, congelar. As partículas, todas elas, vão parar. E a vida inteligente vai cessar neste universo.

Segundo a ciência, é lei natural a vida se adaptar, fugir ou morrer diante de um cataclisma como esse. Como nenhum ser inteligente quer morrer e como se adaptar será impossível porque este universo vai parar, a idéia é fugir. Fugir para outro lugar, outro universo. Que viagem louca seria essa!

Contei toda essa história porque lê-la me fez recordar a proposta reggaeira do ministro Gil. O universo vai morrer, um dia. E a ciência nos diz que deveremos fugir. Fugir para outro lugar.

Vamos fugir

(Gilberto Gil)

Vamos fugir
Deste lugar, baby
Vamos fugir
Tô cansado de esperar
Que você me carregue
Vamos fugir
Proutro lugar, baby
Vamos fugir
Pronde quer que você vá
Que você me carregue
Pois diga que irá
Irajá, Irajá
Pronde eu só veja você
Você veja a mim só
Marajó, Marajó
Qualquer outro lugar comum
Outro lugar qualquer
Guaporé, Guaporé
Qualquer outro lugar ao sol
Outro lugar ao sul
Céu azul, céu azul
Onde haja só meu corpo nu
Junto ao seu corpo nu
Vamos fugir
Proutro lugar, baby
Vamos fugir
Pronde haja um tobogã
Onde a gente escorregue
Todo dia de manhã
Flores que a gente regue
Uma banda de maçã
Outra banda de reggae

Deus é tudo o que eu tenho (parte 1)

A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nEle.

Lm. 3. 24

A primeira coisa que se destaca neste pequeno versículo do livro de Lamentações é a expressão “diz a minha alma”. Essa é a expressão da manifestação de todo o ser. É todo o ser do profeta que está falando. A sua inteireza, a sua alma, a sua personalidade está se manifestando nessa frase. Não é apenas o intelecto, ou não são apenas palavras que estão postos nisso, mas é a vida inteira. É toda a realidade que se põe a dizer que a única porção de sua existência é o Senhor. A alma que diz está inteiramente posta naquilo que expressa.

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Em março, em vez de Portugal, meu destino é Campina Grande (PB). Saiu anteontem a minha carta de aceite para um congresso na Universidade Federal. Estou fazendo minha inscrição hoje. Meu plano é, se tudo correr bem, aproveitar a viagem para visitar Serra Negra.

Ontem à noite tivemos a última reunião antes do nosso acampamento de Carnaval. Estou esperançoso de que tudo corra conforme os planos. Apesar de alguns membros da comissão estarem achando que o número de pessoas é pequeno, acho ideal. Estou desejando ansiosamente ser marcado pelo Senhor nesses quatro dias. É tudo que mais quero.

Emília me ligou ontem da casa nova, a quatro horas de distância de Natal. Perguntou se eu estava com saudade. Eu? Com saudade? Não sei o quanto já chorei sentindo a falta de amiga tão essencial. Foi muito bom falar com ela. A nota triste foi que roubaram a sua casa aqui em Natal.

31.1.05

Ando em uma fase muito minha. Muito nordeste. Muito Luiz Gonzaga. Muito Luiz Gonzaga mesmo. Meus vizinhos devem estar se incomodando porque eu só ando ouvindo o velho Lua em meu quarto. Beleza, singeleza, inocência - muita ou nenhuma -, forró, baião, xote, xaxado e o sangue nordestino correndo na veia. Minhas despedidas de Emília no último sábado foram palavras cantadas por Lula e seu filho, Gozanguinha:

Pense n´eu

(Gonzaguinha)

Pense n'eu quando em vez coração
pense n'eu vez em quando
onde estou, onde estarei
se sorrindo ou se chorando
pense n'eu... vez em quando

Tô na estrada, tô sorrindo apaixonado

pela gente e pelo povo do meu país
olêlê

tô feliz pois apesar do sofrimento

vejo um povo de alegria bem na raíz
vamos lá

alegria muita paz e esperança

na esperança de fazer tudo melhor
e será

alegria o meu nome é união

e povo unido é beleza mais maior

Falamos ontem pela manhã na igreja acerca da meditação. Confesso que não é uma prática em minha vida, mas sei que precisa ser, principalmente porque acredito naquilo que eu falei. Sei que foi um bom teste. Pelo menos em uma manhã estarei falando no retiro de Carnaval de nossa igreja. Pretendo aprofundar um pouco mais o estudo da meditação, propondo, inclusive, alguns exercícios.
Meditação, espaço que a gente concede em nossa vida para que Deus fale conosco, é ponto básico para a nossa vida cristã. Ouvir a Deus é essencial na vida.
Às vezes tenho recebido críticas quanto ao fato de que nem tudo o que me proponho a pregar e ensinar faz parte de minha vida e do meu caráter. Esse estudo sobre a meditação me fez ter certeza que isso não é justo. Quando prego ou ensino algo que ainda não consigo viver estou falando para mim mesmo. A Palavra, como espada de dois gumes, também corta o pregador. Desafia-nos. Ensina-nos. Instrui-nos.