14.5.04

Acho que essa música é apropriada em muitos sentidos para o momento:

Americanos
(Caetano Veloso)

Americanos pobres na noite da Louisiana
Turistas ingleses assaltados em Copacabana
Os pivetes ainda pensam que eles eram americanos
Turistas espanhóis presos no Aterro do Flamengo
Por engano
Americanos ricos já não passeiam por Havana
Veados americanos trazem o vírus da AIDS
Para o Rio no carnaval
Veados organizados de São Francisco conseguem
Controlar a propagação do mal
Só um genocida potencial
- de batina, de gravata ou de avental -
Pode fingir que não vê que os veados
- tendo sido o grupo-vítima preferencial -
Estão na situação de liderar o movimento
Para deter a disseminação do HIV
Americanos são muito estatísticos
Têm gestos nítidos e sorrisos límpidos
Olhos de brilho penetrante que vão fundo
No que olham, mas não no próprio fundo
Os americanos representam boa parte
Da alegria existente neste mundo
Para os americanos branco é branco, preto é preto
(E a mulata não é a tal)
Bicha é bicha, macho é macho,
Mulher é mulher e dinheiro é dinheiro
E assim ganham-se, barganham-se, perdem-se
Concedem-se, conquistam-se direitos
Enquanto aqui embaixo a indefinição é o regime
E dançamos com uma graça cujo segredo
Nem eu mesmo sei
Entre a delícia e a desgraça
Entre o monstruoso e o sublime
Americanos não são americanos
São velhos homens humanos
Chegando, passando, atravessando.
São tipicamente americanos.
Americanos sentem que algo se perdeu
Algo se quebrou, está se quebrando.

13.5.04

Notícias do mestrado.
1)Não sei nada de francês e tenho de ler três livros na língua de Carlos Magno... Alguém tem alguma solução para mim?
2)Ainda persiste a sensação de que não compreendo perfeitamente os textos que estou lendo, mesmo que eu saiba que isso não é verdade.
3)Cada vez eu percebo mais o quanto eu devo a Priscila tudo que estou vivendo academicamente falando.
4)Descobri que minha bolsa apareceu porque o PPgEL não sabia que haviam duas bolsas disponíveis para nós e que não estavam sendo usadas. O Programa foi alertado em cima da hora pela Pró-Reitoria. E eu fui contemplado com a verba.

Minha avó fez uma observação interessante na televisão hoje. Digna de discussão nas aulas de Adriano no mestrado. Hoje à noite foi exibido o programa gratuito do PSDB. Obviamente, sentaram a pua no Governo Lula. O programa acusou o desemprego, a falta de crescimento econômico, as altas taxas de juros. Acabou e voltou o Jornal Nacional. Primeira matéria: alta dos preços do Petróleo, que atingiu o maior valor da história. Cristina Serra anunciou a vinda de uma possível grande crise internacional. A matéria seguinte nos disse que o número de empregos na construção civil aumentou em 25 mil vagas no primeiro trimestre do ano. A construção civil é o termomêtro da economia, segundo a reportagem, o que aponta a retomada do crescimento. Em seguida, foram apresentadas ações positivas do governo anunciadas em reunião do Conselho de Desenvolvimento Social hoje. E tudo teve como gran finale Lula e Palocci falando que apesar da crise internacional (aquela que Cristina Serra apontou) o Brasil está no rumo certo. (Nesse momento, eu podia apostar que no bloco seguinte as matérias diriam respeito à Guerra no Iraque - BINGO!!! Reconstrução de Lula a caminho).
Pois bem. Minha avó, uma daquelas senhoras que acredita em tudo o que a televisão diz, foi capaz de perceber que o JN parecia programa do PT respondendo às acusações do partido de Serra. A coisa foi tão nítida que mesmo o mais incauto dos espectadores deve ter notado.

11.5.04

Rápido registro. Acho que estou sofrendo de overdose informacional, mal que pode matar por desinformação. Tem sido muito difícil para a mente assimilar novos conceitos ou, ao menos, se sentir segura que os adquiriu mesmo, de verdade.

10.5.04

Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, pois naquela se vê o fim de todos os homens; e os vivos que o tomem em consideração.

Eclesiastes 7. 2

Alexandre Tadeu é um dos meus melhores amigos. Ele é um daqueles amigos que podem ficar anos distante de nós mas que tem morada reservada em nossa vida e coração.
Tadeu é um amigo querido. Foi meu vice-presidente, quando presidi o Centro Cívico do Colégio das Neves, dez anos atrás. Junto comigo e Thiago, formava o núcleo do movimento cultural que objetivava mudar o mundo naqueles dias: os Desafinados.
Segunda passada, uma amiga em comum me disse que ele vai ser papai. Sua esposa está grávida de três meses.
Naquela tarde fui ao colégio tratar de assuntos relativos ao clube de xadrez que estamos formando. E soube que Carlão, técnico de basquete masculino do colégio, presidente da Federação Estadual de Basquete, e irmão de Tadeu, havia sofrido um AVC. Na artéria tronco do cérebro. Lembrei do meu amigo. Lembrei da psicóloga que é em grande parte culpada por quem sou hoje, Isabel, psicóloga do Neves, esposa de Carlão.
Sábado soubemos que Carlão havia tido morte cerebral. A família autorizou a doação de todos os órgãos.
Hoje à tarde, Carlão foi sepultado. O ginásio do colégio estava lotado no velório. Ex-alunos, ex-professores, ex-funcionários, amigos, parentes, autoridades, Tadeu e Isabel. Tadeu estava muito abatido. Isabel, muito serena. Serena de maneira profundamente impactante. Suas filhas, chorosas mas tranquilas. Um minuto de aplausos para ele. Os professores de educação física do colégio estavam arrasados.
Hoje à tarde eu lembrei do texto de Eclesiastes. E mais uma vez percebi a verdade dessa reflexão do sábio (ou sábia) de Jerusalém. O lugar da dor do luto é um excelente lugar para refletir acerca da vida humana. Dos limites humanos.

Vou postar ainda sobre fatos tristes do dia. Mas não poderia deixar de falar sobre o novo layout e as novas funções da página do Blogger.com. Tudo está muito bonito e de uso muito mais fácil.