A sinceridade é um alto preço. Ela pode provocar muita dor, apesar de ser o elemento essencial para sermos honestos conosco e com os outros. Honestos e transparentes.
Acredito que somente quando somos inteiramente sinceros (sem máscaras) somos capazes de construir a nossa volta o que realmente nos faz humanos. Somos humanos quando o somos em relação com os outros. Com aqueles que estão à nossa volta. Tornamo-nos gente quando somos capazes de amar. E somente amamos quando somos realmente sinceros.
Mas a sinceridade é um preço alto. Ela nos expõe demais, em primeiro lugar. E nosso instinto de conservação nos alerta que nos expor é perigoso. Pode machucar. Pode até matar. Mas se queremos viver com plenitude, amando e construindo um futuro ao lado de gente, é preciso que encaremos o perigo.
Sendo sinceros, deixamos as máscaras de lado. Se estamos tristes, vão saber que estamos tristes. Se algo nos faz bem, vão saber que estamos bem. Isso pode até irritar aqueles que se profissionalizaram em viverem vidas de encenação. Esses atores de suas próprias histórias não conseguem entender porque Davi, um safado rei de Israel, por exemplo, déspota imperialista, adúltero e assassino, pôde ser chamado de homem segundo o coração de Deus.
Davi é um exemplo para mim porque ele era alguém totalmente transparente. Pecou e assumiu seu pecado. Chorou sua dor e sofreu suas penas. Davi agradou a Deus não porque se disfarçasse bem ou fosse melhor do que ninguém. Mas apenas porque foi sincero e transparente todo o tempo, inclusive para assumir os seus erros.
A sinceridade também nos desafia. Desafia a que sejamos diferentes do que o mundo deseja que sejamos. O mundo hoje é um grande teatro onde as vidas se encenam, enganando-se a si mesmos, aos outros e a Deus. Uma sociedade assim caminha a passos largos para se esgotar, já que virtualiza tudo e nada é concreto.
O desafio de sermos sinceros é de deixarmos as nossas máscaras à margem do caminho. É de nos entregarmos a uma relação íntegra, em primeiro lugar, conosco mesmo. Mas uma relação íntegra com as pessoas especialmente.
O desafio da sinceridade nos empurra a nos entregarmos às pessoas. A pertencemos a elas. Cientes de que elas nos decepcionarão. Cientes de que nós as decepcionaremos (quem escapará da decepção?). Cientes de que vai doer. No entanto, cientes de que vale a pena, porque somente assim viveremos vidas reais, plenas de sentido, construindo uma nova sociedade, lado a lado com pessoas, pessoas que são como nós. Cheias de defeitos, mas que desejam honesta e sinceramente, amar e criar vínculos. Fazerem-se humanos.
31.10.03
Espaço para minhas reflexões e loucuras, existenciais, acadêmicas, teologicas e emocionais
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