Esse post nasceu em uma conversa com uma amiga.
A coisa que eu mais gosto de fazer na vida é estudar teologia. Fui para o seminário atendendo a esse chamado. E lá construí minha vida. Meus amigos de verdade estavam lá. Uma amiga perguntava sempre a mim quem era minha família, qual era o meu lugar. E eu respondia, sem pestanejar, que era o seminário e meus amigos.
De repente, fiz a maior das bobagens da minha vida. E me tiraram tudo que fazia sentido pra mim e fazia minha vida ter sentido. Eu tive de deixar o seminário, meus amigos, meu ninho. E voltar para um lar que, imaginava, somente me faria mal. Para um grupo que só me faria me sentir pior.
Além do medo, tinha a sensação de que a vida tinha acabado. Quer dizer, era como se não houvesse o dia de amanhã. Como se uma nuvem pesada ocultasse tudo que estivesse a um palmo do nariz. Enfim, era uma sensação terrível de impotência e dor. Luto por tudo e todos que eu perdia ali.
Vim para Natal sem nenhuma perspectiva e sem nenhuma felicidade. Afinal, o lugar em que queria estar era Fortaleza. Mas aí, a mesma amiga que me perguntava sobre meus lugares e minhas pessoas, passou a me desafiar a construir o meu lugar em mim mesmo e levá-lo aonde eu fosse. Fazer a vida ter sentido a partir de meu ser, de meus amores, de minha experiência. Ser capaz de ser real em qualquer lugar. E não temer as adversidades. Sofrer com as perdas, mas entendê-las como etapas e novos tipos de relacionamentos.
Aprendi (quer dizer, tenho aprendido) a criar relações na minha casa. E somos cinco pessoas que carregam profundas mágoas uns com os outros, incapazes que fomos de nos resolver enquanto era tempo. Mas percebi que podia utilizar o aprendizado que tive convivendo com os amigos nos anos de seminário em casa. Aprendi a respeitar as individualidades. Aprendi que como cada um é diferente, minha relação com cada um deve ser diferente. Aprendi a buscar me estruturar na profundidade do amor para que tudo pudesse voltar a fazer sentido para mim. Para que tudo em minha vida se firmasse nessa nova estrutura. Redescobri velhos companheiros, descobri novos.
Mas sou muito imaturo ainda. Percebi, no entanto, estou crescendo.
4.12.03
Espaço para minhas reflexões e loucuras, existenciais, acadêmicas, teologicas e emocionais
Postagens anteriores
- Eu conclui o curso de jornalismo em agosto de 2000...
- Leiam esta entrevista, da qual já falei tanto.
- O medo do desconhecido é profundamente aflitivo. ...
- Cheguei de Recife. Esgotado, diga-se de passagem....
- Estou em Recife e muito cansado.
- Eu sou um ser humano. Então sou também capaz de a...
- Amanhã estou embarcando para Recife. Logo, estare...
- Vi na tevê que o país até outrobro atingiu um supe...
- É possível unir na mesma construção política Revol...
- Al Pacino, o demônio em O advogado do diabo, diz q...
Assinar
Postagens [Atom]
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial