Antecipações da próxima matéria de capa do Jornal União:
Na última semana a Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, foi destaque em toda a imprensa, não só no Brasil. Evento criado para pensar os rumos da economia mundial, é o exemplo mais marcante da força impositiva que tem o Neoliberalismo, como doutrina econômica, no contexto atual. Mas o que é o Neoliberalismo e como ele tem influenciado a vida e a teologia das nossas igrejas?
O Neoliberalismo é uma utopia ou teoria que foi elaborado na Chigaco do pós-Guerra por Friedrich Hayek, austríaco, e Milton Friedman. Nas palavras do teólogo belga, radicado no Brasil, José Comblin, o “neoliberalismo pode ser considerado como teoria econômica, como utopia, como ética ou como filosofia do ser humano”. A sua principal tese é a do livre mercado total. O mercado livre não existe entre os seres humanos reais”, diz Comblin. O livre mercado supõe trabalhadores que competem livremente no mercado e oferecem o seu trabalho a quem oferecer melhor retribuição. Acontece que no mercado do trabalho comprador e vendedor não são iguais. O empresário é sempre ou quase sempre mais forte. Habitualmente pode impor suas condições. O trabalhador supostamente tem livre escolha: aceita ou não a proposta de trabalho. Acontece que, no mundo real, ele não tem livre escolha. Tem que comer e, por isso, tem que aceitar o que se lhe oferece, ainda que queira rejeitar a oferta. Não existe livre escolha para o trabalhador, explica o belga de alma brasileira.
Um conceito relacionado ao Neoliberalismo é o da globalização. A ideologia neoliberal ajuda as elites das nações subordinadas a aceitarem os plano políticos dos Estados Unidos. A globalização fornece uma justificação da dominação econômica dos Estados Unidos, diz Comblin.
Ligados a esse conceito temos outros que se relacionam mais de perto com o nosso dia a dia. O primeiro é a supressão dos obstáculos nacionais à circulação de capitais especulativos, bens e serviços, concretizado no Brasil desde o governo Collor. Um outro diz respeito à destruição dos coletivos, em especial do Estado, a fim de deixar o individuo isolado e entregue às leis de mercado. Assim se explica a fala do ex-presidente americano Ronald Reagan: Não temos problemas no Estado, o Estado é o problema. O Estado mínimo é a desculpa para os programas de privatização e a redução de sua atuação na área social, especialmente. Até a família fica desestruturada. Desintegra-se numa coleção de consumidores: há o consumo dos homens, o consumo das mulheres, o consumo dos jovens e o consumo das crianças. A família transforma-se numa justaposição de indivíduos que já não sabem comunicar, explica Comblin.
O mundo inteiro começou a entender agora que um sistema assim é incapaz de promover qualquer liberdade verdadeira. Ao contrário, o Neoliberalismo gera cada vez mais pobres e miseráveis que por sua vez se vêem sós e desprotegidos, especialmente por parte do Estado.
A globalização, na verdade, encobri a conquista cada vez maior do mundo pelos Estados Unidos. Essa conquista se manifesta, inclusive, no campo eclesiástico e teológico. É por isso que a cada dia aportam em nossas terras teologias provindas da América do Norte e comprometidas com o projeto neoliberal.
27.1.04
Espaço para minhas reflexões e loucuras, existenciais, acadêmicas, teologicas e emocionais
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