Poderia responder de diversas maneiras a um de meus comentadores anônimos. Sei agora que ele/a é Raquel ou alguém ligado a ela. Resolvi responder reescrevendo um post que publiquei em 30 de outubro:
Hoje eu tive ainda mais certeza de que se lutarmos para resolver problemas insolúveis em nossos relacionamentos o máximo que conseguiremos será aumentar as feridas.
Algumas feridas abertas no passado ficaram lá. Precisamos deixá-las cicatrizar, mas nunca conseguiremos fazer algo para mudar o passado. Parece óbvio ou patético, mas muitas vezes aumentamos nossos problemas e nossas dores por lutarmos para mudar o passado.
O passado não se muda. Temos que conviver com ele. Podemos curar as nossas lembranças dele. Ele pode não doer mais. Mas ele não pode ser mudado.
Percebi que alguns dos problemas de meus piores relacionamentos dizem respeito a coisas imutáveis que ficaram para trás. Eu causei dores. Não posso apagar o que fiz. Se houver perdão real, a cicatriz vai ficar mas a mágoa passará. Mas os problemas se realimentam quando eu sou cobrado a desfazer o que já está feito. É impossível. Parece óbvio, mas é trágico.
Uma outra coisa. Cobram sinceridade, ao mesmo tempo que dizem que são incapazes de acreditar em mim. Isso é cômico. Se você não acredita em mim, não adianta eu ser o mais sincero dos homens. Você nunca me acreditará. Isso é cômico.
Por isso percebi que a irrito quando digo que estou bem. Irrito quem não consegue efetivamente me perdoar, quem está cobrando coisas impossíveis, as quais já posso superar e ela não.
Em nome da minha sanidade, percebo, lamentando, que é hora de se precaver, talvez até se afastar. Se não, será uma conversa de loucos, aumentando as feridas, aprofundando os abismos, em que estaremos rodando em torno dos mesmos pontos, incapazes de crescer. Quando for possível para ela superar o passado e entender que é impossível mudá-lo, talvez nossas conversas se tornem mais sadias.
Sabe o que é pior? É perceber que, ao menos na aparência, isso tudo contradiz o que venho expondo nos últimos dias. Acredito que é justamente o contrário. Quero relacionamentos reais, especialmente com alguém como Raquel, com quem tive um envolvimento tão doentio. Mas esse relacionamento não será real enquanto ela não conseguir contemplar e viver a realidade: as feridas do passado não podem ser desfeitas, mas podemos tratá-las para que se tornem apenas cicatrizes. Podemos superá-las. Somente assim será real.
Lamento muito que a parte de minha vida da qual você, Raquel, é participante importante tenha se tornado uma impossibilidade total de resolução e reconciliação. Até porque meu fóco principal de vida hoje é amor e relacionamento.
Sinto muito.
19.11.03
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