23.10.03

Aí vai o resumo de O nascimento de subversivos e hereges: uma análise do discurso protestante brasileiro:

INTRODUÇÃO

l Subversivos:
Posição crítica quanto à “Ordem Estabelecida”
l Hereges:
Posição crítica quanto ao Discurso Institucional

Subversivos = Hereges

Teorias acerca da aquisição de conhecimento
l Reflexo: privilegia o objeto, sujeito passivo

l Subjetiva: a realidade é criada pelo sujeito

l Interativa: o conhecimento surge de uma ativa interação entre sujeito e objeto

Atitude (ou compreensão) responsiva ativa
O receptor de um discurso “concorda ou discorda (total ou parcialmente), completa, adapta” o enunciado. (Bakhtin 1997: 290)

QUESTÃO IMPORTANTE: Em que medida um sujeito, diante da manifestação de um discurso, faria uma interpretação “livre”?

Análise do Discurso

Procura esclarecer os condicionamentos provocados pela ideologia na recepção de uma formação discursiva e suas manifestações textuais

Objetivo do trabalho:
analisar como ocorre o processo de produção e a compreensão de enunciados, bem como se entender como se dá a exclusão de indivíduos e idéias por serem rotulados como subversivos e hereges, principalmente no ambiente evangélico brasileiro após o
Golpe de 64.

1. IDEOLOGIA E FORMAÇÃO DISCURSIVA
l Ideologia:
Conjunto de representações que “servem para justificar e explicar a ordem social, as condições de vida do homem e as relações que ele mantém com os outros homens” (Fiorin 2001: 28)
O indivíduo se identifica com a posição em uma classe social.

SUJEITO ASSUJEITADO:
O indivíduo não pensa e não fala o que quer, mas o que a realidade impõe que ele pense e fale, tendo a ilusão de ser a origem do que diz.

Não seria possível uma compreensão/atitude responsiva ativa subjetiva. A compreensão estará cada vez mais condicionada à medida que seja mais intensa sua relação com a formação discursiva. “Tudo isso tendo como pano de fundo e ponto de chegada, quase que inevitavelmente as instituições” (Orlandi 1988:60)

IGREJA
l Promove fechamento e encurtamento de sentidos possíveis de leitura
l Qualquer ultrapassagem da leitura parafrástica promovida pela Igreja será classificada como pecado, rebeldia, blasfêmia
IDADE MÉDIA (séc. V ao séc. XV):
monopólio do saber = monopólio dos sentidos

Nascimento de subversivo e hereges
(processo assemelhado no protestantismo brasileiro pós 64)

2. DENOMINAÇÃO E SILENCIAMENTO
l Denominar como subversivos e hereges é uma ação de silenciamento, excluindo do universo de sentidos da instituição
l Silenciar “é a prática de processos de significação pelos quais ao dizer algo apagamos outros sentidos possíveis mas indesejáveis em uma situação discursiva dada” (Orlandi 1989: 40)
l O pastor (teólogo), no meio protestante, é o mediador, aquele que fixa sentidos, organiza relações e disciplina conflitos de sentidos

3. POLISSEMIA E PARÁFRASE
• Paráfrase:
sob formas diferentes, as mesmas coisas são ditas e lidas. O sentido é o já “dado”, necessita apenas ser “reconhecido”
• Polissemia:
é o campo do novo, fonte do sentido da linguagem, “responsável pelo fato de que são sempre possíveis sentidos diferentes, múltiplos” (Orlandi 2001: 20)

4. TIPOS DO DISCURSO
l Reversibilidade: é “a troca de papéis na interação que constitui o discurso e que o discurso constitui” (Orlandi 1996: 239)
l Lúdico: polissemia aberta, reversibilidade total
l Polêmico: equilíbrio = polissemia controlada, reversibilidade condicional
l Autoritário: paráfrase, ilusão de reversibilidade
O discurso religioso é uma espécie do discurso autoritário

Discurso Religioso
l Ilusão de reversibilidade pela profecia, pela visão, etc.
l Assimetria entre o Sujeito, Deus (plano espiritual) e os sujeitos, os homens (plano temporal)
l O representante não tem autonomia de voz
l Na Igreja cristã, a definição de sentidos está a cargo do teólogo
l Leitores independentes são perigosos para as igrejas

5. O PROTESTANTISMO BRASILEIRO
l Conferência do Nordeste: “Cristo e o processo revolucionário brasileiro” (Recife, 1962)
l Conflito conservadores x progressistas: a “Inquisição sem fogueiras”
l Teólogos de tendência social, como Rubem Alves e Richard Shaull, são desqualificados como “perigosos subversivos” e hereges e passam a ser segregados no ambiente protestante, cada vez mais fortemente conservador
l Silenciamento dos “credos sociais”
l Os evangélicos se tornam sustentáculos civis do Regime Militar (Cavalcanti 1985)
l Fim da Confederação Evangélica Brasileira e da União Cristã de Estudantes do Brasil
l Exclusão de fiéis causados de esquerdismo, ecumenismo, modernismo ou tendências renovadoras

Para Foucalt, o poder “se exerce e só existe em ato”; “o poder é essencialmente o que reprime” (Foucalt 1999: 21)

CONCLUSÃO
l Entendemos que por uma conjuntura ideológica, todo discurso voltado às preocupações sociais e à crítica do status quo no meio protestante brasileiro tende a ser excluído, tratado como herético
l A religião protestante procura se aliar em nosso país, ao discurso dominante, já que em sua mentalidade elitista se alimenta e ajuda a manter a ideologia dominante



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