18.3.03

O mesmo jornal em que trabalho vai publicar no sábado a seguinte resenha (minha) de Deus é inocente; a imprensa, não, de Carlos Dorneles.

Atualmente, as definições de democracia e ditadura parecem ser dadas em conformidade aos ideólogos de plantão, mais precisamente aos interesses dos donos do poder.
Seguindo definições coerentes sobre ditaduras, George W. Bush poderia ser classificado como o imperador mais opressor da história. Diz Carlos Dorneles:

George W. Bush não inventou o controle da mídia, não foi o precursor na política de supremacia dos Estados Unidos, não foi o primeiro a promover guerras mantendo a imprensa contra a parede, não foi o único a bombardear outros povos para aumentar o prestígio junto à população e nem foi o arauto do desrespeito às organizações internacionais.
Mas, George W. Bush certamente foi o primeiro a fazer tudo isso ao mesmo tempo e com tamanha eficiência.


No contexto contemporâneo, quando se efetiva mais uma ação unilateral dos EEUU, o livro de Carlos Dorneles é leitura obrigatória, imprescindível. Deus é inocente; a imprensa, não (Ed. Globo, 2002, 271 pp) retrata a cobertura da mídia do 11 de Setembro, do ataque ao Afeganistão e do início do rolo compressor da operação contra o Iraque.
Analisando as revistas brasileiras Isto é, Veja e Época, os jornais Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, O Globo e o Jornal do Brasil, além do New York Times e The Washington Post, Dorneles mostra como a cobertura foi unilateral, baseada unicamente em informes do governo americano (na maioria das vezes, incrivelmente inverossímeis), longe dos fronts, traduzindo uma panfletária postura pró-americana, diminuindo o efeito dos erros ianques e multiplicando (falsamente) o poder Talibã e da Al-Qaeda.
A pesquisa de Dorneles decalca toda a ideologia da Guerra contra o Terror, que produziu prisões e mortes anônimas entre civis, graves desrespeitos às leis internacionais e aos direitos humanos, tudo sob o olhar conivente da mídia internacional e do povo norte-americano.
Contradições e mentiras ficam claras. Desmentidos e meias verdades ganham ar ficcional. E o tamanho do poderio do maior império da história se destaca em Deus é inocente .... O livro é uma denúncia contra uma potência hegemônica que teima em querer definir o que é certo ou errado aos outros países, agindo por cima de leis e da autonomia de outras nações, vivendo uma cada vez mais hipócrita e irreal democracia.
Essencial.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial