2.6.08

Fiquei indignado ontem com as cenas do jogo em Recife, nos Aflitos. André Luiz estava muito transtornado, mas é nessas horas que a Polícia precisa agir com calma. Assim se faz em lugares civilizados: a contenção de cidadãos alterados deve ser feita por uma polícia tranqüila, calma, sem violência e científica até. A atitude da PM, na prisão do jogador e do grande Bebeto de Freitas, foi de lamentar e temer que os resquícios do regime de exceção no país. E a PM de Recife é especialmente complicada. Conheço muitos relatos de violência semelhante contra cidadãos no meio da rua - sem câmeras e sem transmissão ao vivo. A sociedade não pode coadunar com uma polícia assim. Sob pena de a própria sociedade ser a vítima. É essa forma de encarar as coisas que torna possível o surgimento de milícias no Rio de Janeiro: a sociedade aceita uma polícia que se põe acima da lei e do bem e do mal. Aí, a barbárie se instala.
O maior problema das cenas de ontem, para mim, está no que aquilo simbolizava quanto à sociedade e a forma que essa sociedade pensa segurança pública e a polícia. Espero que possamos mudar esse quadro. É para refletir um fato: se a polícia é capaz de agir assim contra um jogador de futebol (um jogador de futebol, não um bandido) e contra um ícone do esporte mundial, que é Bebeto de Freitas, e diante de câmeras que transmitem ao vivo, como agiria contra mim? Será que aqueles PMs achavam que nós aplaudiríamos àquilo tudo? Eu reprovo. Eu lamento. Eu torço para que as coisas mudem. Eu não aceito uma polícia que queira se comportar como se a sociedade fosse sua inimiga mortal. Não pode ser.
Fiquei pensando outra coisa também: como se sentiu André Luiz, Bebeto e suas famílias ao se verem tratados de maneira que nem os piores bandidos devem ser tratados? E o medo quando viram seus queridos, de maneira estúpida, serem arrastados pelo meio da torcida do Náutico? Por mim, os times de Recife, que vão muito bem, deviam ficar umas rodadas sem mando de campo. Para que a sua PM aprenda a lidar com um espetáculo esportivo.

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