Em guerra
Em guerra
E assim os piores inimigos de uma pessoa serão os seus próprios parentes.
Mateus 10. 36
Tive um sonho muito inquietante esta semana que me inspirou uma reflexão bem relevante à minha vida. Sonhei que era um soldado no meio de uma guerra. Na verdade, um agente especial que tinha uma missão a cumprir. No desenrolar dos acontecimentos, eu pude ver os piores horrores de um campo de batalha. Mas, devido à urgência da missão em que me encontrava, fui guardando no peito todas aquelas coisas feias que via. Não podia me dar ao luxo de me impactar por elas, nem de chorar por elas. Não podia perder tempo.
O momento mais difícil do sonho se deu quando, resgatando alguém do meio da batalha, me vi perseguido por quatro pessoas. Mesmo sem poder identificá-las, sabia que se tratavam de quatro dos meus melhores amigos. Era matar ou morrer. E eu os matei para salvar a minha vida e aquele que eu protegia. E aquilo me doeu incrivelmente.
Então, eu voltei para casa. Após me acomodar em meu lar, saí rumo a uma atividade da igreja. O interessante é que aquela atividade não acontecia no templo, mas em um outro ambiente mais informal. Chegando lá, sabia que toda a igreja estava presente, mas apenas pude reconhecer um casal amigo. E fiquei junto a eles. Naquele instante, a congregação estava cantando uma versão de Teus olhos, de Marcos Witt. Minha única reação foi quedar-me de joelhos, quebrado pelas lutas, por tudo que vi na guerra, por todo horror que vivenciei, pelas coisas que tive de fazer, pelos amigos em quem tive de atirar. E eu chorei muito. Demais. Tanto que acordei, no meio da madrugada, chorando, profundamente impactado.
O momento mais difícil de tudo foi ter de atirar nos meus amigos. Aquilo doeu demais. Um amiga a quem contei o sonho me fez lembrar de um texto bíblico, e me conduziu a refletir sobre ele: E assim os piores inimigos de uma pessoa serão os seus próprios parentes. E me pus a pensar sobre como, tantas vezes, as piores batalhas que nós enfrentamos, as piores perseguições que sofremos, os maiores horrores que encaramos no campo de batalha de nossas vidas são protagonizados por pessoas a quem amamos muito. Somos perseguidos por amigos, parentes, pessoas de nossa própria casa. Estes se tornam os nossos principais inimigos.
Se a batalha pela fé já, em si, extenuante, ela se torna mais complicada quando as pessoas em quem confiamos e de quem esperamos apoio, se voltam contra nós ou se põem como complicadores da situação. É como se fosse roubado de nós o nosso único alento, o nosso apoio. Estamos em guerra e nossos inimigos estão fortalecidos pelos nossos maiores amigos.
É possível que você saiba exatamente o que estou falando. É possível que você já tenha experimentado coisas tremendas na sua vida cristã. É possível que você já tenha vivenciado as piores experiências, as coisas mais dolorosas. É possível que você já tenha vivido a situação de estar no meio de uma missão urgente, sendo perseguido por seus amigos e parentes que são incapazes de compreenderem o que você está fazendo. Você já pode ter vivido isso e sabe como é difícil encarar, superar e encontrar conforto nessas horas.
O nosso conforto vem do Senhor. É interessante o que a letra de Teus olhos diz:
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