Arrebentando paredes
Arrebentando paredes
Homem mortal, arrebente esta parede.
Ezequiel 8. 7.
Ezequiel foi levado em uma visão desde a Babilônia até Jerusalém. Lá, Deus o manda entrar no templo e o prepara para ver coisas terríveis que a liderança do povo está fazendo, às escondidas, dentro do Santo dos Santos. O Senhor conduz o profeta até a entrada do pátio, onde há um buraco na parede. E o manda arrebentar a parede a partir daquele buraco.
Do lado de dentro, os líderes estão fazendo coisas inimagináveis. Dentro do templo do Senhor, adoram todo tipo de deuses e animais. Prestam todo tipo culto abominável. Adoram até mesmo o sol. E fazem isso escondidos, ocultos por paredes que tendem a mostrá-los como fiéis e obedientes ao público externo, escondendo seus reais caracteres. Eles se esforçam por esconder os pecados e parecem santos de verdade. Mas além daquelas paredes e daquele buraco, toda sorte de coisas nojentas acontecem e se escondem. Homem mortal, você está vendo o que os líderes israelitas estão fazendo em segredo? (Ez. 8. 12).
Essa denúncia vem a mim por duas vias. As duas vias dizem respeito àquilo que tentamos esconder até mesmo de Deus, como se fosse possível: A desculpa deles é esta: ?O Senhor Deus não está vendo. Ele abandonou o país? (Ez. 8. 12). Em primeiro lugar, muitas vezes estamos tentando, como a liderança de Israel, esconder nossas práticas abomináveis mantendo a aparência de seriedade e santidade de nossas almas. Ocultamos nossos pecados do público por tênues paredes esburacadas. Em vez de confessá-los, os escondemos. Mais cedo ou mais tarde, eles serão expostos. Serão trazidos à luz. Isso é uma verdade inescapável, porque Deus quer tratar deles por nos amar. Mais cedo ou mais tarde, alguém vai arrebentar o buraco da parede e estaremos desnudos diante de todos.
Mas acredito que há uma dimensão ainda mais profunda nessa história. Nosso coração esconde muita coisa. Nosso coração oculta muita abominação e muito pecado. Nosso coração esconde muita sujeira. Paredes finas separam o lixo da exposição ao público. Escondemos, enterramos estas coisas talvez na vã hipótese de que ficarão ocultas a Deus. Como se o Senhor não fosse capaz de perfeitamente observar dentro do nosso peito. Olhar para dentro de nossa alma. Conhecer a intimidade de nosso coração e constatar a crueza de nosso pecado, de nossas culpas, do lixo que guardamos.
É por isso que gosto do chamado de Ezequiel para arrebentar a parede. Mais cedo ou mais tarde, todas as paredes que escondem os piores segredos serão arrebentadas. Parece que Deus quer nos dar a chance de agirmos como Ezequiel contra o nosso próprio coração. Há um buraco na parede que esconde nossa sujeira. Deus nos desafia a arrebentar esta parede do nosso coração com as nossas próprias mãos. Porque Ele quer limpar tudo de imundo que há em nosso interior. Toda sujeira e todo pecado precisam ser limpos pelo Senhor. Por isso, Ele nos desafia a, a partir do pequeno buraco que ali está, derrubarmos todo o muro e nos permitirmos ver o que de podre temos guardado em nós e, assim, podermos sujeitar o coração e derramar a nossa alma diante de Deus para que Ele nos cure.
Carregamos muito lixo. Aqueles pecados que mais gostamos. As mágoas contra os que nos feriram. Os sentimentos de vingança. As emoções arrebentadas. A idolatria de diversas formas. Os pecados inconfessos. Enfim, há muita sujeira a ser descoberta em nosso peito. E às vezes Deus não pode nos limpar por Seu Espírito porque mantemos as paredes erguidas contra a ação transformadora, perdoadora e libertadora de Deus.
Cada um de nós tem seu próprio lixo. Todos nós, talvez no instinto de auto-defesa, evitamos expô-lo e vamos guardando-o dentro das paredes esburacadas do nosso coração. Deus quer limpar esse lixo, mas só você tem a chance de mostrá-lo a Ele para que o Seu Espírito venha fazer a limpeza. Você tem a oportunidade de arrebentar a parede, ver seu próprio lixo e permitir que as Águas Vivas de Deus venham até o Seu coração, levá-lo embora. A proposta que o Senhor nos faz é nos voltarmos contra o nosso próprio coração, arrebentar as suas paredes e expormos diante dEle toda nossa sujeira e pecado. Enquanto ainda houver tempo para que Ele nos trate.
Daniel Dantas
Missionário da 1ª IPI do Natal
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