O primeiro nome deste lugar foi A caminho da Revolução. O primeiro template era totalmente tosco. Mas hoje faz exatos dois anos que eu postei o meu primeiro texto aqui, neste blog, às 4: 43 da tarde:
Bom, minha namorada me apresentou há poucos dias ao maravilhoso mundo dos blogs. Agora, ocupo parte de minhas tardes lendo aquilo que de mais engraçado existe nesse planeta. Aí, resolvi entrar nesse mundo desconhecido. Talvez seja a oportunidade que me faltava para produzir algo que preste... A gente se vê.
De início, havia aqui muita reflexão teológica. Mas parece que o blog mudou bastante à medida que eu ia mudando. Poucos meses depois, meu namoro com Priscila acabou. Mas ele permaneceu. Apesar, também, da perseguição que, suspeito, foi engendrada por Raquel. Apesar da fragilidade de meus textos. Apesar de minha disciplina ter sido motivada em boa parte pelo conteúdo do meu blog. Mas estamos aqui. Exatamente dois anos depois. Muitas águas depois. Nem o rio é o mesmo, nem eu sou o mesmo. Mas estamos aqui.
Hoje este espaço, todo meu, onde construo minha subjetividade na Internet, comemora dois anos de existência.
Por isso, republico o primeiro texto de futuro que postei aqui:
Sobre o Mamonismo e o Magnificat
“Mas como eu posso ser feliz num poleiro?
Como eu posso ser feliz sem pular?
Mas como eu posso ser feliz num viveiro
Se ninguém pode ser feliz sem voar?”
(Djavan & Gabriel, o Pensador. A carta in CD Djavan – ao vivo – volume 1, faixa 10, 1999).
Nossa época é tempo em que um sistema econômico e ideológico engendra-se com força cada vez maior, aspirando a uma absolutização que só pode nos levar a entendê-lo como a atual modalização do Anticristo.
Neoliberalismo (e sua forma temperada e falida, a “Terceira Via”) é o nome da Besta. Essa tal idolatria do Mercado, nominada por alguns Mamonismo (Mt. 6. 24), talvez “seja a construção sistêmica, econômica, política e ideológica mais diabólica que os seres humanos já produziram. (...) Trata-se de uma ideologia terrível e demoníaca justamente porque investe massivamente em afirmar e convencer as pessoas de que as ideologias acabaram, e sobretudo de que não há nenhum tipo de alternativa ao sistema.” Nesse sentido, torna-se um sistema deificado. Exige dedicação, sacrifício, adoração, obediência e alcançou algo inédito, “dispensou a legitimação religiosa.”
Esse sistema, essa entidade que chamamos de Mercado, aspira o controle total de vidas e nações, e a sujeição absoluta aos seus ditames, gerenciados internacionalmente por instituições financeiras e de fomento ao crédito, como FMI, BID e outros. Qualquer possibilidade de autonomia é descartada aos sujeitados no processo.
O que cantam Djavan e Gabriel, o Pensador se enche de relevância ímpar. Como podemos ser felizes empoleirados, presos aos ditames dos interesses de um Sistema que, como o diz o sulafricano Albert Nolan, produz cada vez mais riquezas, “mas não é capaz de assegurar nem mesmo que os elementos mais essenciais à vida sejam distribuídos de modo eqüitativo. Isso ocorre porque o sistema está vinculado ao lucro mais do que às pessoas. As pessoas só podem ser levadas em conta à medida que seu bem-estar produz maiores lucros. O sistema é um monstro que devora as pessoas para conseguir os seus lucros.”
Deus nos convida para repensar o valor de textos revolucionários como o Magnificat, o Cântico de Maria (Lucas 1. 46-56), onde se preconiza que Deus derruba governantes de seus tronos (v. 52) e expulsa de mãos vazias os ricos (v. 53), enquanto exalta o humilde (v. 52) e enche de bens os famintos (v. 53). Nosso púlpito não deve se aliar, na prática e no discurso, ao poder econômico mundial que, afinal, será destroçado, mas, sim, ao povo humilde, oprimido e explorado, socorrido pelo Senhor. Nessa hora, nossa voz profética precisa se filiar à ênfase revolucionária do Deus da Bíblia.
Sejamos cristãos radicais, e não nos deixemos engaiolar. Ergamo-nos contra toda ingerência estrangeira em nossa construção de autonomia. Olhemos com carinho o Deus revolucionário que nos chama. A revolução é o momento escatológico de juízo de Deus sobre as estruturas mundanas de opressão, juízo de Deus sobre a história de proscrição social, tantas vezes mantida pela Igreja como instituição . No dizer do presbiteriano Richard Shaull, o “cristão radical encontra-se totalmente implicado numa luta secular revolucionária” ; o “Deus que derruba velhas estruturas, a fim de criar condições para uma existência mais humana, está, ele mesmo, no meio da luta.”
“É esse o vírus que eu sugiro que você contraía
Neoliberalismo (e sua forma temperada e falida, a “Terceira Via”) é o nome da Besta. Essa tal idolatria do Mercado, nominada por alguns Mamonismo (Mt. 6. 24), talvez “seja a construção sistêmica, econômica, política e ideológica mais diabólica que os seres humanos já produziram. (...) Trata-se de uma ideologia terrível e demoníaca justamente porque investe massivamente em afirmar e convencer as pessoas de que as ideologias acabaram, e sobretudo de que não há nenhum tipo de alternativa ao sistema.” Nesse sentido, torna-se um sistema deificado. Exige dedicação, sacrifício, adoração, obediência e alcançou algo inédito, “dispensou a legitimação religiosa.”
Esse sistema, essa entidade que chamamos de Mercado, aspira o controle total de vidas e nações, e a sujeição absoluta aos seus ditames, gerenciados internacionalmente por instituições financeiras e de fomento ao crédito, como FMI, BID e outros. Qualquer possibilidade de autonomia é descartada aos sujeitados no processo.
O que cantam Djavan e Gabriel, o Pensador se enche de relevância ímpar. Como podemos ser felizes empoleirados, presos aos ditames dos interesses de um Sistema que, como o diz o sulafricano Albert Nolan, produz cada vez mais riquezas, “mas não é capaz de assegurar nem mesmo que os elementos mais essenciais à vida sejam distribuídos de modo eqüitativo. Isso ocorre porque o sistema está vinculado ao lucro mais do que às pessoas. As pessoas só podem ser levadas em conta à medida que seu bem-estar produz maiores lucros. O sistema é um monstro que devora as pessoas para conseguir os seus lucros.”
Deus nos convida para repensar o valor de textos revolucionários como o Magnificat, o Cântico de Maria (Lucas 1. 46-56), onde se preconiza que Deus derruba governantes de seus tronos (v. 52) e expulsa de mãos vazias os ricos (v. 53), enquanto exalta o humilde (v. 52) e enche de bens os famintos (v. 53). Nosso púlpito não deve se aliar, na prática e no discurso, ao poder econômico mundial que, afinal, será destroçado, mas, sim, ao povo humilde, oprimido e explorado, socorrido pelo Senhor. Nessa hora, nossa voz profética precisa se filiar à ênfase revolucionária do Deus da Bíblia.
Sejamos cristãos radicais, e não nos deixemos engaiolar. Ergamo-nos contra toda ingerência estrangeira em nossa construção de autonomia. Olhemos com carinho o Deus revolucionário que nos chama. A revolução é o momento escatológico de juízo de Deus sobre as estruturas mundanas de opressão, juízo de Deus sobre a história de proscrição social, tantas vezes mantida pela Igreja como instituição . No dizer do presbiteriano Richard Shaull, o “cristão radical encontra-se totalmente implicado numa luta secular revolucionária” ; o “Deus que derruba velhas estruturas, a fim de criar condições para uma existência mais humana, está, ele mesmo, no meio da luta.”
Na procura pela cura da loucura,
Quem tiver cabeça dura vai morrer na praia.”
(Djavan & Gabriel, o Pensador. A carta)
Medite, se puder.
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