Nas eleições de amanhã, Natal terá um personagem muito importante: Miguel Mossoró. O sujeito que trouxe mais animação ao nosso pleito. Miguel Mossoró prometeu se eleito, por exemplo, construir uma ponte ligando Natal a Fernando de Noronha (são 320 quilômetros). E saiu de menos de um por cento há um mês a dez por cento das intenções de voto na última pesquisa IBOPE, da quarta-feira.
A verdade é que se surge uma figura como Miguel Mossoró é porque a nossa política, há muito tempo, não é coisa séria, como quer crer uma parcela importante dos nossos governantes. Se o seu Miguel consegue angariar simpatizantes, como já disseram alguns dos comentaristas honestos dos fatos políticos contemporâneos, é porque diante de suas propostas esdrúxulas nenhum eleitor tem a ilusão de que será enganado. Quer dizer, cada um de nós sabe que aquilo tudo é inviável e não podemos deixar de achar graça de que nosso sistema partidário está falido ao ponto de que se promete o impossível, já que o possível que é assumido como compromisso de campanha é esquecido nas primeiras horas após a posse.
Seu Miguel não parece ser irresponsável ou cínico. Ele parece mais um espelho que mostra o cinismo e a irresponsabilidade de nossa classe política tradicional e oficial. Ele é a ironia em pessoa. Ele não está ali para ser crido. Ele está ali para denunciar, quiça profeticamente, a iniquidade de nossos políticos.
Eu não votarei nele, mas tenho aprendido a respeitá-lo porque ele é o único capaz de assustar os criteriosos, honrados e respeitados mandatários de nossa cidade. Eu o respeito porque a sua voz é uma denúncia contra todos nós. E é uma denúncia contra os nossos sonhos frustrados.
Duvido que Miguel Mossoró acredite no que ele diz. Mas estou certo que ele acredita no que está fazendo. E nesse ponto ele faz mais que todos os demais juntos.
2.10.04
Espaço para minhas reflexões e loucuras, existenciais, acadêmicas, teologicas e emocionais
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6 Comentários:
Aqui é o John:
Cara, as eleições por aqui estão... sei lá. Por um lado tem o Bush, que é crente, mas idiota. E tem o Kerry, que apóia aborto (e mais outras coisas que eu abomino) mas definitivamente tem idéias mais lúcidas e sabe melhor expressa-las. Dilema, dilema.
E ai Dani Dino, blz?
Nossa a quanto tempo neh? Olha to reabrindo meu blog! dá uma passada por lá ok? abraço
John, na hora de votar eu jamais levei em conta a declaração de fé de um candidato. Temos muitas experiências ruins por aqui. Aliás, se o fato de o sujeito ser crente influencia alguma coisa, é para eu não votar. Sobre Bush x Kerry eu afirmo que, com certeza, o mundo inteiro torce e ora pela vitória democrata.
John de novo.
Cara, eu não votaria no Bush por ele ser meramente cristão (e, de fato, não votarei nele)- mas, por mais que eu me sinta tentado, não votarei no Kerry. Quando o grande líder democrata oficializar pesquisas usando células tronco e dar apoio a clínicas de aborto, eu não quero dizer a mim mesmo que ajudei esse homem a chegar no poder. Limpo minhas mãos e deixo o voto em branco; o país é desse povo maluco, eles que escolham o seu líder.
Dani, sou bem receosa quanto a esse oba-oba em torno do Miguel. Por trás de suas propostas não está apenas a crítica ferina aos nossos governantes, mas um desprezo latente pelo povo que os elegeu. Achei ruim ele ter angariado tantos simpatizantes, principalmente entre os jovens, é terrível o ceticismo chegar a esse ponto. Abraço.
Daiany, eu compreendo a sua preocupação. Não sei se as pessoas compreenderam Mossoró como grotesco e foram na onda. Mas sei, e ele mostrou isso em uma entrevista hoje, que ele tentou personificar a ironia contra uma classe política desacreditada. Gente que o chamou de piada ou de gaiatice, e agora corre atrás em busca de apoio no segundo turno.
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