Os crentes geralmente defendem posições sem se aperceberem dos entornos à sua volta. Não notam que questões e que condicionamentos os cercam. Não percebem que tantas vezes pensam estar afirmando verdades bíblicas, sem se darem conta que apenas reproduzem discursos ideológicos de manutenção do poder por seus donos. Não percebem o absurdo que é, em nome da defesa da submissão, defender a injustiça, a opressão, a morte e o mal, que se fortalecem quando assumimos a fala daqueles que exercem seus podres poderes, enquanto a nossa gente morre de fome, de raiva ou de sede. Defendem interesses que desconhecem, crendo na sua relevância bíblico-teólogica, assumindo compromissos contrários ao seu próprio povo, defendendo, direta ou indiretamente, a morte, a tortura, a dor, defendendo aqueles que humilham, exploram, matam, invadem, torturam e ensinam a torturar. Foi assim nos anos 60 no nosso meio, é assim ainda hoje, porque o nosso senso crítico não se desenvolve ao ponto de podermos notar que tipos de discurso obliteram ainda uma leitura coerente e relevante da Bíblia. E, assim, em vez de lutar por justiça e pela verdade, em vez de lutar contra o pecado e contra as estruturas de morte, preferimos assumir a submissão (que dizem necessária) aos discursos de destruição, de opressão e de morte. João Alexandre já denunciava que enquanto o domingo ainda for o nosso dia sagrado, enquanto cantarmos e dançarmos com os olhos fechados, sem percebermos tanta gente que morre de fome e de sede ao nosso lado, não tem jeito. Por isso, entre os televangelistas e as teologias podres em defesa dos poderosos que estão aí, entre essas coisas e um revolucionário como Che, eu fico com Che. Hasta la muerte!
24.7.04
Espaço para minhas reflexões e loucuras, existenciais, acadêmicas, teologicas e emocionais
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