3.4.04

Como prometi, vou tentar selecionar uns trechos dos artigos de meu pai que estão sendo publicados em referência aos 40 anos do Golpe Militar pelo Diário de Natal:

Encontrei sequestradores que, na calada da noite, me puseram óculos de borracha, algemas e me levaram para o circo de horrores do DOI-CODI, em Recife, onde os gritos dos torturados sucumbiam ante o som alto, alegre e estridente dos rádios, executando "Eu te amo, meu Brasil, eu te amo".
...
[No Rio de Janeiro, clandestino] Os dias passando, dinheiro acabando. (...) Já "nas últimas", tomei um ônibus na Praça 15. Destino: Cordovil, bairro distante, onde morava o meu querido tio Chico, irmão de meu pai. Tão querido e solidário que, depois lhe contar tudo e pedir abrigo, "por uns poucos dias", ele respondeu:
- Lamento muito, meu filho, mas eu não quero me envolver com essas coisas de subversão. Vá embora e Deus lhe abençoe.
Com fome, com raiva, quase sem dinheiro qualquer, mandei meu querido tio enfiar sua bênção em lugar impróprio e subi a rua Aragão Gesteira com gosto de morte e horror na boca.

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