22.6.05

Figueira

Figueira

 

Agora a casa de vocês ficará completamente abandonada.

Lucas 13. 35

 

São dias difíceis aqueles em que somos julgados por Deus.  Afinal, se somos filhos, vez por outra transparece mais nitidamente o tratamento do Pai ao nos disciplinar.  Momentos difíceis que podem ser mais bem compreendidos se vistos à luz das Escrituras.

Jerusalém foi a cidade, desde os dias de Davi, que Deus escolheu como lugar da manifestação de Sua Glória e Majestade.  Ali, Ele decidiu permitir que homens limitados Lhe construíssem um Templo onde seria adorado.  Naquela cidade, o Seu Nome, que é capaz de salvar o pecador, seria invocado.  Dali partiria a mensagem de vida que é trazida à humanidade pelo próprio Deus.  Ali brotaria o Rio de Água Viva que manifestaria a Graça e o Poder de Deus em todo lugar do mundo, tornando o Senhor conhecido onde não havia sido ainda.  Era ali que seria anunciada a salvação do Senhor até os confins da terra.  Por isso, Jerusalém era a menina dos olhos de Deus.  Os seus moradores se consideravam, com relativa razão, filhos amados do Deus Altíssimo.  Mas esse era um passo para o pecado e o exclusivismo.

Apesar de tudo o que vemos na história de Israel, não foram poucos os profetas que se ergueram para denunciar Jerusalém e ameaçá-la com o castigo de Deus.  Algumas vezes, a ameaça deixou de ser hipotética e, por causa da dureza do coração da Filha de Sião e do seu pecado, a cidade foi atacada.  O templo do Senhor foi roubado algumas vezes.  O auge, antes dos dias de Jesus, havia sido a destruição da cidade sob Nabucodonosor e o exílio na Babilônia. 

No entanto, reiteradas vezes o Senhor reafirmava o Seu amor por aquela cidade e pelo povo que ali habitava: Com laços de amor e de carinho, eu os trouxe para perto de mim; eu os segurei nos braços como quem pega uma criança no colo.  Eu me inclinei e lhes dei de comer.(...) Israel, como eu poderia abandoná-lo?  Como poderia desampará-lo? Será que eu o destruiria, como destruí Admá?  Ou faria com você o que fiz com Zeboim? Não!  Não posso fazer isso, pois o meu coração está comovido, e tenho muita compaixão de você (Os. 11. 4 e 8).  Mesmo quando os julgava e condenava, como no contexto de Oséias, não podia abandoná-los por completo por causa do grande amor que mantinha.

A história de Jerusalém é de constante repetição.  Como se realizasse aquela fala do livro de Provérbios: Quem é repreendido muitas vezes e teima em não se corrigir cairá de repente na desgraça e não poderá escapar (Pv. 29. 1).  É um povo constantemente rebelde e contradizente, que não se emenda.  É a essa cidade que Jesus vai para realizar Seu ministério.

No início do capitulo 13 de Lucas, Jesus conta uma parábola para descrever o estado de Jerusalém: Certo homem tinha uma figueira na sua plantação de uvas.  E, quando foi procurar figos, não encontrou nenhum.  Aí disse ao homem que tomava conta da plantação: ?Olhe!  Já faz três anos seguidos que venho buscar figos nesta figueira e não encontro nenhum.  Corte esta figueira!  Por que deixá-la continuar tirando a força da terra sem produzir nada??  Mas o empregado respondeu: ?Patrão, deixe a figueira ficar mais este ano.  Eu vou afofar a terra em volta dela e pôr bastante adubo.  Se no ano que vem ela der figos, muito bem.  Se não der, então mande cortá-la? (Lc. 13. 6 ? 9).  Jesus estava dizendo que Jerusalém estava deixando passar a sua última chance, concedida pela longanimidade do Pai.  É no mesmo texto que Ele anuncia o juízo sobre a cidade: Jerusalém, Jerusalém, que mata os profetas e apedreja os mensageiros que Deus lhe manda!  Quantas vezes eu quis abraçar todo o seu povo, assim como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram!  Agora a casa de vocês ficará completamente abandonada (Lc. 13. 34 ? 35).

Mais à frente, diante da cidade, no domingo de ramos, Ele chora!  Ah! Jerusalém!  Se hoje mesmo você soubesse o que é preciso para conseguir a paz!  Mas agora você não pode ver isso.  Pois chegarão os dias em que os inimigos vão cercá-la com rampas de ataque, e vão rodeá-la, e apertá-la de todos os lados.  Eles destruirão completamente você e todos os seus moradores.  Não ficará uma pedra em cima da outra, porque você não reconheceu o tempo em que Deus veio para salvá-la (Lc. 19. 42 ? 44).  O tempo estava esgotado.  A figueira, finalmente, iria ser cortada e lançada ao fogo.  Depois de tantas chances e tanta longanimidade, agora era tarde.  Dali a quarenta anos, a cidade seria completamente destruída pelas tropas romanas do General Tito.  Era o fim.

O juízo não é sem amor.  Não é sem dor no coração de Deus.  Por tratar com dureza, Ele não deixa de amar.  É impressionante o fato de que Jesus faz essa última profecia sob lágrimas.  Ele está chorando a dor de castigar a cidade que tanto ama.  Cidade tão especial para os projetos de Deus.  Sua menina dos olhos.  Toda ação de juízo de Deus é regada pelas lágrimas do Amor Eterno.

Deus tem nos desafiado a corrigirmos as nossas vidas.  Temos pecado contra Ele.  Temos agido de modo contrário à Sua vontade.  Ele tem adiado o juízo, mas não o fará por muito tempo.  É hora de eu e você abrirmos os olhos.  É hora de abrirmos o nosso coração e mudarmos de vida.  Quebrantarmo-nos, arrependidos, diante do Pai Celeste, confessando nossas culpas, transformando nossas atitudes, permitindo que o Espírito santifique o nosso ser.  Talvez ainda seja tempo de evitar o fim de tudo.  Devemos nos curvar, humildes, pois ainda pode haver esperança (Lm. 3. 29).

 

Daniel Dantas

Missionário da 1ª IPI do Natal

http://cavernadeadulao.blogspot.com

1 Comentários:

Às 12:58 AM , Blogger Daniel Dantas Lemos disse...

Eita, blogger doido da gota!

 

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